Densos invernos dentro de mim,
silenciosos,
adormecidos em cinzas cores,
endurecendo meu corpo, quase rocha
um corpo cansado, [sabe-se lá de que]
nasceu cansado [talvez]
as feridas-crateras, somas de invisibilidades e não pertencimentos,
foram se abrindo, de fora pra dentro e de dentro pra fora, pra se encontrar no oco do peito
e preencher cada vazio com lavas suculentas de dor.
Não há rio escarlate pulsante
Há um perder-se em meus próprios labirintos que eclodem em vazios-solitários.
Não há eco,
Não há arco-íris,
E nem pote de ouro,
Vulcão dormente, inativo.
Percorro-me inteira buscando resquícios do que já foi um dia explosão
um suspiro do magma que braveja a minha liberdade de poeta
no silêncio solitário,
cadenciado pelos desassossegos do cotidiano.
Condenso a dor em grito.
Explodo amores utópicos e adormeço no paraíso inventado no meu ser.
Texto lindo, Flávia!