Esse meu primeiro é pra Sra minha mãe Nadir que sempre encheu minha vida com arte, no seu caso, a maior arte de todas: amor incondicional.
"Os Planos" é uma coletânea de 7 contos que se unem para contar a história de como se formou o conhecimento dos territórios conhecidos como "As Vias e Planares" que são planos de existências diferentes do nosso. Moldada por conspirações e jogos de poder a verdade sobre Os Planos se transformou ao decorrer das Eras. Entre ardilosos e heróicos personagens, instituições corruptas e clãs de pacificadores Os Planos serão desvendados mas a escolha será sua sobre em qual verdade acreditar.
Conto 1 - O Mapa
Parte 1
IN LUX
Para se aceito na Ordem da Luz existem vários caminhos. O meu foi pela ilusão e disfarce. Vesti um personagem chamado Flumen e por muito tempo participei de encontros, reuniões, celebrações, festas, visitas e intermináveis discussões sobre a realidade dos Planos de Existência.
Flumen passou a existir justamente para tirar o véu que estenderam sobre a verdade dos Planos aos quais meu clã usa o nome antigo, referindo se a eles como Planares.
O convento para iniciados na Ordem da Luz encontra se em uma remota região do Planar de IN LUX e também uma das mais antigas que se tem notícia. Ali concentra-se a formação e distribuição dos sacerdotes e sacerdotisas para os outros planares. E eles estão por toda parte. Aqui também está a biblioteca mais antiga e completa de todas: a Torre da Luz.
Desde que cheguei no convento meu objetivo tem sido acessar a parte superior da torre onde estão os mais raros tomos da ordem e onde também, segundo informações que meu clã recebeu, está escondido o verdadeiro mapa dos Planares e as Vias de acesso.
Hoje seria o dia que finalmente teria acesso a Torre, em segredo, já que somente, os Sacerdotes e Sacerdotisas são admitidos ao interior. Mas Gaudium, meu amigo mais confiável dentro do convento, além de falhar em conseguir acesso à porta de entrada também entregou todo o plano à Puella, estimada postulante iniciada da Sacerdotisa responsável pela Torre da Luz: Fábula, cujo desgosto e desconfiança por mim é conhecido por todo convento.
Estávamos agora em fuga de volta ao convento pois a voz estridente de Puella atraiu a atenção dos linces verdes, felinos espirituais enormes que protegem a floresta ao redor da Torre.
- Você precisava falar tão alto Puella? - Perguntei enquanto corria tentando seguir os passos de Gaudium que seguia na frente abrindo caminho entre as árvores.
- Não mude de assunto Flumen! Não sei o motivo dessa fuga, os linces verdes vão nos entregar aos sacerdotes na entrada do convento, eles conhecem nossos hábitos. - Hábitos era como nos referiamos as nossas vestimentas.
- Se não percebeu ainda nenhum de nós três deveríamos estar ali, ou quer realmente que Fábula descubra que tentamos acessar a biblioteca? - Puella era muito correta para deixar saberem que foi pega onde não deveria estar.
- Chegamos! Vamos rápido, atravessem o portal. - Nossa discussão foi cortada por Gaundium. Sua habilidade de localizar portais de entrada era perfeitamente combinada com seu escudo mental silencioso.
Adentramos o convento pela cozinha e seguimos pelo corredor inferior onde se localizava nossa sala de aula. Perto da porta Puella parou e virou se de frente para mim em um movimento tao fluido que por um segundo ela pareceu flutuar.
- Tentaremos novamente amanhã mas você virá comigo e quero saber exatamente que livro busca na biblioteca da Torre da Luz. - Os olhos castanhos escuros de Puella escrutinavam cada centímetro do meu rosto buscando algo que ela sabia que eu escondia. - Quero saber o que lhe interessa Flumen. Eu sou arquivista. Gaudium é âncora. Suas habilidades mantém sua mente e espírito escondidos, o que faz de você um grande ponto de interrogação e acredite em mim, não é somente eu que vê esse enorme ponto em cima da sua cabeça. - Virou-se novamente e entrou para sala de aula.
Gaudium passou por mim e me olhou como nunca tinha olhado antes, de certa forma, da mesma maneira que Puella mas, onde no olhar dela tinha frustração no dele tinha pena.
- Eu sinto muito Nii-san. - Era como Gaudium me chamava. O espírito mais gentil que conheci em toda minha existência.
- Sou eu que peço desculpas "rimão", não deveria tê-lo envolvido nisso... - Disse olhando para meus pés e senti os dedos de Gaumdium levantando meu queixo. Foi um longo momento. Mas quando ele abriu a boca pra falar e me dizer algo fomos interrompidos por Caelestis abrindo a porta da sala de aula.
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