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O Recomeço

Às margens do imponente Rio Amazonas, na comunidade de Aritapera, Amin construiu sua moradia em madeira sobre um enorme tablado com uma ponte que interliga a margem do rio à sua casa. A construção foi feita em palafita afastada do chão de tal forma a não permitir que as águas do rio atingissem a casa no período das cheias. A casa era muito simples, mas bastante confortável e ampla. Havia uma enorme varanda que circundava toda a casa; possuía como ambientes uma sala, três quartos, uma ampla cozinha e depósito para guardar mantimentos. O banheiro localizava-se afastado da casa interligado por uma ponte de madeira. A propriedade tinha luz elétrica abastecida por uma pequena usina termoelétrica vinda da comunidade. A água encanada se dava através da instalação de uma bomba que coletava direto do rio e despejava num reservatório elevado e de lá era distribuída para toda a fazenda. Nessa pequena fazenda viviam Alcides, que trabalhava com Amin e ocupava um dos quartos. O rapaz, de dezoito anos, nasceu e criou-se na comunidade. Era apenas alfabetizado. Sabia assinar seu nome e lia alguma coisa. Noca, moça de aproximadamente 35 anos de idade, não morava na casa, mas ia todos os dias para dar o suporte doméstico aos dois, cuidando da limpeza, arrumação e da comida. Noca cuidava de Amin como uma leoa cuida de seu filhote.


Amin é um libanês que veio de seu país para o Brasil quando tinha dezoito pra dezenove anos. Segundo ele, mudou-se porque estava cansado das guerras que aconteciam por lá. Não sabemos de muitos detalhes sobre esse homem porque ele é muito reservado e não costuma confidenciar sobre sua vida. O pouco que se sabe é que desembarcou de um navio cargueiro no porto do Rio de Janeiro e concluiu sua chegada ao Brasil em Santarém, no oeste do estado do Pará. Os detalhes do trajeto do Rio até o Pará ele não contou. Disse apenas que veio à procura de seu irmão que já vivia aqui no Brasil, porém nunca o encontrou. Como Amin sempre foi um sujeito experiente, se virou sozinho e, aos “trancos e barrancos”, aprendeu a falar o português o suficiente para sobreviver e não se deixar enganar pela eventual esperteza de outras pessoas.


Ao chegar em Santarém começou a atuar como mascate, porque ele possuía essa habilidade inata. Como ele tinha um dinheiro guardado, comprou um barco, contratou o Raimundão para comandá-lo, pois era uma pessoa que nasceu e se criou na Amazônia e conhecia todos os caminhos navegáveis daquela região. Contratou também o Tinoco com a finalidade de cuidar da limpeza e arrumação do barco, além de ser o cozinheiro. Amin enchia a embarcação de mercadorias e saia navegando ao longo do Rio Amazonas e seus afluentes passando por inúmeras comunidades vendendo seus produtos. A viagem chegava a durar até quatro meses e, ao longo do trajeto, o libanês também comprava ou trocava suas mercadorias por produtos extraídos da região, tais como: castanha do Pará, cumaru, juta, etc. Ia acumulando no porão do barco e quando retornava a Santarém para reabastecer o seu “supermercado flutuante”, ele vendia para os distribuidores da cidade esses produtos comprados durante a viagem.


Em Santarém, Amin fez amizade com um judeu de nome Salomão. Parece irônico um libanês amigo de judeu, mas em Santarém isso não era nenhum problema. Certo dia, Salomão precisou fazer um empréstimo no Banco do Brasil e necessitava de um avalista, pois o valor era elevado e a principal exigência do banco foi de que Salomão apresentasse alguém para garantir o empréstimo. Salomão então recorreu ao seu amigo libanês. Amin, como tem um coração generoso, avalizou o empréstimo do judeu e cedeu como garantia seu único bem, o barco. Por ironia do destino, Salomão não honrou com seu compromisso no empréstimo e o banco valeu-se dos seus direitos para se ressarcir do prejuízo tomando o barco de Amin. Apesar de tudo isso, o libanês não se abalou com essa perda, mas a amizade se desfez. Como Amin era muito disciplinado em guardar dinheiro, tinha boa quantia que foi suficiente para comprar uma pequena fazenda na comunidade de Aritapera, localizada nas proximidades da cidade de Santarém, às margens do Rio Amazonas. Não era muito grande. Colocou naquele espaço umas 30 a 40 cabeças de gado criadas apenas com o objetivo de produzir leite. Neste lugar construiu sua moradia descrita no início dessa história. De vez em quando fazia uns queijos quando havia sobra de leite.


A rotina de Amin era muito simples e previsível. Acordava por volta de quatro horas da madrugada e, junto com Alcides e mais um ajudante faziam a ordenha das vacas e acondicionavam o leite em baldes de inox. Todos os dias eles ordenhavam aproximadamente quatrocentos litros de leite usando ordenhadeiras. Noca preparava o desjejum para todos e por volta das sete horas da manhã, Amin levava o leite numa lancha até Santarém para entregar à sua freguesia cativa. A viagem no trajeto de Aritapera a Santarém era excelente. No primeiro trecho atravessava o rio Amazonas e por último  o belo rio Tapajós que margeava a cidade com a imensidão de água azul que até parecia ser mar. Em Santarém, o libanês mantinha uma caminhonete para carregar seus baldes inoxidáveis com leite para fazer a distribuição


A entrega de seu produto se dava de porta em porta todos os dias, exceto aos domingos. Aos sábados Amin recebia o pagamento da semana. Numa dessas entregas aconteceu algo inusitado: Quando a porta de uma das casas foi aberta e surgiu uma  pessoa para receber o leite, Amin ficou paralisado por alguns instantes com o que viu. Foi uma mulher de uma beleza que o fazendeiro nunca havia visto antes. Uma moça linda, com pele na cor amendoada, cabelos negros encaracolados até a altura dos ombros, rosto harmonioso, olhar penetrante. Amin ficou tão extasiado com a beleza da moça que derramou leite no chão fazendo com que Violeta, esse é o nome da moça,  caísse na gargalhada pela trapalhada do libanês, além do que percebeu a atração que havia causado em Amin. Violeta é uma espanhola que havia chegado a pouco tempo no Brasil e estava morando na casa de uma tia. Mais que rapidamente o fazendeiro entregou o leite e saiu desnorteado pelo acontecido. Depois de concluir suas entregas, tomou sua lancha e retornou para casa. O encontro desse dia com a espanhola mexeu bastante com o libanês, ao ponto de fazer a viagem de retorno quase “no automático”. Chegou em casa muito calado e pensativo. Alcides e Noca perceberam o estado de espírito do companheiro, mas não se intrometeram na vida dele. Após o jantar, nesse dia, Amin não foi para a varanda, como de costume, fumar seu cachimbo e pensar na vida. Recolheu-se imediatamente ao seu quarto e passou a noite inteira fazendo um breve retrospecto de sua vida. Já estava se aproximando dos quarenta anos e conscientizou-se que ao longo de todo esse tempo levou a vida solitariamente. Seus relacionamentos com as mulheres eram casuais e praticamente para atender a uma necessidade carnal. Nunca se deitava com a mesma mulher mais de uma vez. E muitos desses encontros eram tão frios, que nem sequer sabia o nome delas. Seus pensamentos voltaram-se para a espanhola que conheceu naquele dia. Ele percebeu que o que sentiu por aquela mulher ele jamais havia sentido ao longo de sua vida. Mentalizou seu sorriso, sua simpatia e sua beleza. Nessa noite, Amin dormiu poucas horas, ao ponto de no dia seguinte levantar-se cansado e atrasado para a ordenha das vacas. Porém ao se deparar com a energia e disposição da equipe, sua animação para o trabalho normalizou.


Na entrega daquele dia Amin já estava mais calmo, pois o êxtase do dia anterior já havia passado, mas sua ansiedade em encontrar com a espanhola foi tanta que ele alterou seu roteiro e foi primeiro na casa dela. Porém deu tudo errado, pois foi a moça de sempre, receber o leite. Mas mesmo assim, não conteve sua curiosidade e perguntou: “onde está a Violeta?” “Ela foi para loja de artesanato da tia, respondeu a moça. Ela trabalha lá todos os dias e volta para casa às duas horas da tarde.” Amin disfarçou sua decepção, mas gravou aquela informação.

 

No encontro seguinte com a Violeta, a conversa fluiu muito bem que deixou Amin embevecido, ao ponto de fazê-lo alterar o roteiro da entrega deixando a casa da tia da espanhola por último, assim eles poderiam conversar despreocupadamente. Como ela é uma pessoa muita expansiva e extrovertida, os assuntos eram intermináveis, tanto que certa vez Amin chegou de volta à fazenda praticamente à noite. Em consequência da rotina desses encontros, o relacionamento desses dois resultou em namoro. Isso causou uma mudança nos hábitos do fazendeiro, pois aos domingos, como não havia entregas, em vez dele ficar em casa para descansar, atravessava o rio logo pela manhã cedo para tomar café e almoçar na companhia de Violeta e já quase no final da tarde retornava à fazenda antes que o dia escurecesse. Algumas vezes, no último dia de entrega da semana, sábado, Violeta ia com Amin para a fazenda e só retornava à Santarém, na segunda feira pela manhã quando, ele iniciava seu trabalho. Nesses dias com a presença da namorada de Amin, Noca caprichava ainda mais nas refeições, fazendo uma variedade de iguarias para os desjejuns. Os almoços e jantares eram especiais à base de peixes variados. Nesses dias o ambiente na casa da fazenda era esplendoroso, pois a presença de Violeta, com sua alegria transbordante, fazia com que o clima fosse de festa.


Como os dois já eram bastante adultos, Amin aproximando-se dos quarenta anos e Violeta por volta de vinte e cinco anos, resolveram casar-se. Violeta cuidou da papelada no cartório e o casamento ocorreu num sábado, pela manhã, numa solenidade simples com a presença de poucos amigos. Após o evento, o casal seguiu direto para a fazenda onde Noca os esperava para a festa particular da família que acabara de se formar.


O tempo fluía como as águas daquele rio que passava em frente da casa e a vida seguia seu curso normal, com pequenos períodos conturbados e outros de calmaria, afinal, assim como o sangue árabe do libanês é “quente”, o da espanhola também tinha a “temperatura elevada”. De qualquer forma os dois entendiam-se muito bem nas divergências. Logo após a chegada de Violeta na casa da fazenda, Amin providenciou a construção de um anexo para que sua esposa pudesse instalar seu ateliê de costura, pois ela fazia trabalhos em patchwork. A espanhola produzia uma variedade grande de peças, tais como: bolsas de vários modelos, toalhas, guardanapos, sacolas, etc. Toda sua produção era colocada à venda na loja de artesanato de sua tia, em Santarém.


Certo dia, quando Amin retornou de seu trabalho, atracou a lancha no pequeno trapiche e seguiu para casa. Alcides e outro ajudante, descarregaram a lancha e foram higienizar os baldes para o próximo dia. Ao se aproximar da varanda, onde sua esposa o esperava, percebeu que ela estava radiante, vestida com um bermudinha jeans e uma camisa de malha branca e os cabelos ainda molhados do banho que havia tomado. Correu ao encontro do marido, enroscou seus braços em torno do pescoço dele e o beijou demoradamente, como nunca tinha beijado. Depois afastou um pouco seu rosto e disse bem perto de Amin, “estou grávida”. No primeiro instante Amin assustou-se com a notícia mas logo em seguida caiu numa risada e abraçou intensamente sua esposa. Seu riso era de pura felicidade. Nesse dia, a noite foi de festa naquela casa. O casal reuniu-se com Alcides e Noca para um jantar especial regado a vinho.


A gravidez de Violeta transcorreu sem nenhum atropelo. Amin a levava todos os meses até Santarém para fazer os exames de acompanhamento com o ginecologista. Estavam esperando um menino. No período entre o sexto e sétimo mês, o médico identificou alguns problemas na gestação. Percebeu que o líquido amniótico estava diminuindo de volume e descobriu também, pequenos cistos nos rins do bebê. O casal saiu do consultório bastante preocupado, mas mesmo assim, os dois seguiram imediatamente ao encontro de um nefrologista indicado pelo ginecologista. Este especialista dos rins constatou, pela ultrassonografia que realmente haviam vários cistos pequenos nos rins do bebê, mas na atual fase não poderia fazer nada. Deveriam esperar o nascimento da criança para ele poder fazer uma avaliação mais detalhada do problema e tomar as medidas necessárias. Dois meses depois, nos primeiros sinais de que o parto estava para acontecer, Amin levou Violeta para Santarém e deixou-a hospedada na casa da tia, mas ao desembarcarem na cidade, a bolsa estourou e diante disso, Amin levou Violeta no mesmo instante para o hospital. Ao chegarem lá, ela foi imediatamente levada para a sala de parto. Amin foi para a sala de espera bastante apreensivo. Sentou-se numa cadeira localizada no canto da sala e esperou por mais de três horas sem nenhuma informação. Passado esse tempo, aproximou-se uma enfermeira que havia saído da sala de parto com as feições fechadas e uma expressão de quem não tinha boas notícias para transmitir ao Amin. Este levantou-se nervoso  e perguntou: e meu filho? E minha esposa?


— Calma senhor Amin, o senhor precisa ser forte neste momento. O menino  nasceu, mas logo em seguida morreu, infelizmente, sua esposa está passando bem. Foi preciso fazer cesariana, pois o parto normal não seria possível.

— O senhor quer ver o bebê?

— Claro, respondeu Amin.


A enfermeira saiu e retornou com uma criança vestida como se estivesse em um sono profundo. Amin tomou-a nos braços ficou olhando para aquela pequena criatura que não teve a oportunidade de conhecer seus pais. Amin não derramou nenhuma lágrima, mas ficou com a sensação como se estivesse com uma bola entalada em sua garganta. Passaram-se alguns instantes, o suficiente para Amin gravar em sua memória as feições do menino e todos os detalhes de sua vestimenta. Essa imagem ele guardaria para sempre. Depois de alguns minutos que pareceram uma eternidade, Amin devolveu a criança à enfermeira e seguiu até o quarto para onde levaram Violeta. Ao entrar naquele ambiente, deparou com sua esposa deitada na cama, olhando para a porta como se estivesse esperando por ele. A única frase que ela conseguiu pronunciar foi:


— “Nosso filho, meu amor”.


Desabou no choro em consequência de uma dor que jamais alguém poderá descrever. Amin debruçou-se sobre ela para acalentar, mas não conseguia chorar, continuava entalado, porém a dor em suas faces era visível.


O tempo passou, a dor aparentemente desapareceu, sem cair no esquecimento, mas o casal, como se estivesse combinado, não tocava no assunto. Amin retornou à normalidade de seu trabalho e Violeta, depois de passar o período de recuperação pela cirurgia, voltou com a produção de suas peças de patchwork. Decorrido mais de um ano, Violeta percebeu que não engravidava novamente e comentou com seu marido. Os dois resolveram procurar o médico de confiança deles e este solicitou alguns exames investigativos no aparelho reprodutor de Violeta. Ela fez ultrassonografia, tomografia, exames laboratoriais e, quando estava de posse de todos os resultados, retornou ao consultório do médico. Este examinando os laudos, constatou que havia sido detectado diversos pólipos espalhados pelo útero impedindo a fixação do embrião. O médico concluiu:


— Pelo tamanho de muitos deles e pela quantidade existente, era impossível extraí-los sem danificar o útero, será necessário extrairmos o útero o quanto antes para evitar que o problema se agrave ainda mais.

Violeta, exasperada, disse:


— Isso significa que não poderei mais ter filhos?

— Infelizmente não poderá mais, confirmou o médico.


Violeta virou-se para o marido com os olhos brilhando pelas lágrimas que insistiam em brotar e falou quase chorando:


– Me perdoe.


Amin abraçou-a carinhosamente:


– Você não tem que pedir perdão, porque não tem culpa de nada, meu amor.


Os dois saíram do consultório foram até a lancha e seguiram para a fazenda sem falar mais nada. Aquele dia e os dias que se seguiram foram terríveis para o casal. A tristeza tomou conta deles, mas nada como o tempo para apaziguar qualquer dor. A vida tem que continuar. E continuou.


Passado um ano, numa manhã de domingo ensolarado, Amin e Violeta sentados na varanda, ele com seu cachimbo e ela com sua cuia de chimarrão, dentre várias amenidades que conversavam, iniciaram um assunto deveras importante.


— O que você acha de adotarmos uma criança? Perguntou Violeta.

— Amin, olhou para ela pensativo, depois abriu um breve sorriso e disse:

— Muito interessante, pois estava pensando em lhe propor a mesma coisa,

— Verdade? Então vamos providenciar disse Violeta. O que você prefere, menino ou menina?

— Ah! Qualquer um serve, mas acho melhor adotarmos logo um casal. O que você acha?

— Sério Amin? Eu também acho ótimo! Retrucou Violeta.

— Então amanhã vou começar a procurar lá em Santarém, disse Amin. Quando achar alguém, lhe aviso para juntos verificarmos se é o que queremos.


Na segunda-feira, através das suas amizades, indicaram o Orfanato São Francisco de Assis que abrigava muitas crianças, e com a freira, diretora do orfanato,  Amin agendou para o sábado da mesma semana uma visita junto com sua esposa. Nesse dia, Violeta se encontrava radiante de felicidade, como estivesse indo ao encontro do filho que estava retornando de uma viagem. Ao chegar no orfanato, foram levados diretamente a uma área interna onde todas as crianças se encontravam brincando. O casal sentou-se num banco distante das crianças e, junto com a freira, conversavam sobre elas obtendo informações de cada uma que eles apontavam. Em dado momento, Violeta percebeu que no lado oposto onde eles estavam sentados, havia uma freira com dois carrinhos e dois bebês. Perguntou à diretora:


— E aqueles carrinhos de bebês, são crianças de colo”?

— É um casal de crianças recém-nascidas que deixaram na nossa porta.

— Posso ir vê-las? Perguntou Violeta.

— Claro, minha senhora, fique à vontade.

— Violeta levantou-se e pegou na mão de Amin:

— Vamos lá querido”?


Os dois aproximaram-se dos carrinhos e ficaram olhando para as crianças com muita atenção e emoção. Eram dois bebês de pele negra, mexendo intensamente as pernas e os braços e olhando fixamente para Violeta como se quisessem falar alguma coisa para ela. Violeta apertou fortemente a mão do marido, olhava para as crianças e para o marido, isso várias vezes. Com os olhos, cheios de lágrimas, disse a Amin:


— Vamos adotar esses dois, amor”?

— Você gostou delas?

— Sim! Respondeu ela, muito emocionada. O sentimento que sinto é como se fossem meus filhos.

— Eu também gostei muito delas. Então vamos adotá-las, disse Amin. Virou-se para a freira e perguntou:

— Podemos adotar essas duas crianças”?

— Claro que sim. Será preciso providenciar a papelada. Vamos até minha sala que lhes darei a relação necessária dos documentos. Fiquem tranquilos porque não é nada difícil de obtê-los. Se vocês providenciarem essa documentação na segunda-feira, provavelmente antes do término da semana as crianças já serão seus filhos.


Violeta e Amin saíram do orfanato tão felizes que se sentiam como se estivessem flutuando ao vento. Como ainda tinham bastante tempo, foram até um restaurante almoçar, depois fazer algumas compras, em seguida retornaram para a fazenda.


Na sexta-feira seguinte o processo de adoção estava totalmente concluído. Como já era um pouco tarde para levar as crianças na lancha, deixaram para fazer isso no sábado seguinte. Antes de passar no orfanato foram comprar as roupas e utensílios necessários para as crianças. Quanto aos berços Amin já havia providenciado. Antes do meio-dia, Amin e Violeta saíram do orfanato com o casal de bebês, acompanhado de suas respectivas certidões. O menino, foi registrado como Naim e a menina recebeu o nome de Isabel.


Quando chegaram na fazenda, Noca já estava no trapiche esperando pela família que estava iniciando um novo recomeço.

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