- O que quer dizer com isso? - Gaumdium me perguntou preocupado.
- Estou sentindo, é so isso. Não confie nele Gaumdium. Preciso ir ao nosso quarto. Terminem de mostrar a ele o convento. - E colocando a mão em seu rosto me despedi. - Fique bem meu irmão e se cuide.
Caminhei de volta para o convento e subi as escadas em direção aos quartos. Precisaria de minha mochila e mantimentos. Se Columba sabia de minha identidade não demoraria para me denunciar aos mestres sacerdotes.
Dividia o quarto com Gaumdium e, por obra dos bons espíritos, ele deixava nosso quarto sempre em ordem. Não poderia pedir por um companheiro de cela mais bem organizado. Já estava com a mochila nas mãos quando alguém bateu na porta. Fui ver quem era apenas para ser surpreendido novamente por Columba.
-Precisa melhorar em esconder sua cara de surpresa Flumem. Serio! Não sei como mantém sua identidade escondida de todos. E adentrou o quarto sem ao menos ser convidado fechando a porta atrás dele.
- Acredite, não sou tão facilmente surpreendido. - Ele era mais alto que eu por quase uma cabeça e seus ombros largos e braços fortes deixavam claro sua força fisica. Não seria fácil vencê-lo e fugir.
- Ora, não seja dramático. Não precisa fugir. Guarde essa mochila. - Me disse calmamente.
- Como...?!
- Parece estar acostumado a ser um escudo, é seu dom de espírito na verdade, mas o meu é ler a alma. Acalme se, creio que podemos ajudar um ao outro. - Passou por mim e sentou se na cama de Gaumdium.
- O que quer comigo?! - Agora eu estava claramente irritado.
- Eu tambémbusco o antigo mapa dos planares Flumen. Fui mandado aqui pela Lei dos 7 para consegui lo. É tudo um jogo de poder entre eles e a Ordem da Luz e seu clã estão no meio de tudo.
- Não sabe do que esta falando!
- Não? Entao como sei seu nome...Aer.
- Isso nao é possivel...
- O seu clã de liberdade tem um acordo com um delegado da Lei que por acaso é meu chefe. Fui capaz de ler dele antes de vir para cá. Pretendem extorquir territórios da Ordem e permitirão continuar a manter o mapa escondido. Meu chefe pretende destruí-lo. Somos peões em um jogo e assim que acabar vou ser descartado e seu clã será destruido. - Agora sim qualquer um poderia ver a surpresa estampada em meu rosto.
As lembranças começaram a rodar em minha cabeça: o momento em minha tenda quando os anciãos do clã vieram conversar comigo sobre a missão, meu treinamento na habilidade de escudo com o próprio espíritoe pensamentos, a entrada no convento, os primeiros dias... Não seria possível que os anciãos que eu respeitava tanto estivessem escondendo o verdadeiro motivo da missão.
- Não são tão ruins assim seus anciãos, pelo o menos te aceitarão de volta com todos os meritos da missão. Já o meu futuro é completamente incerto. - Columba disse calmamente enquanto caminhava para a janela do quarto, sua habilidade de ler já estava ficando cansativa.- Peço desculpas por ficar lendo, é o costume.
- É melhor irmos direto ao ponto então. Como podemos nos ajudar? - E você não me denunciar para todos...
-No momento precisamos nos concentrar em encontrar o mapa. O que fazer com ele teremos uma ideia depois. Acredita que está escondido na Torre da Luz certo?
-Sim, mas o acesso está restrito aos sacerdotes...
- Mas eu não preciso adentrar a Torre para obter o conhecimento que...
- Se você estiver perto da Mestra Fábula conseguirá ver...
- Só precisamos fazer as perguntas certas...
Por mais que me custasse admitir esse seria um dos melhores planos até agora. Se a Mestra Fábula soubesse de qualquer indício sobre localização do mapa Columba seria capaz de ler diretamente dela.
-Puella saberá onde a Mestra estará. - E tentei esconder na minha mente o fato que ela também ficará curiosa do motivo de estarmos procurando a Mestra.
-Podemos falar que é minha tarefa como iniciado estudar a história do convento e quem melhor que Fábula, não é mesmo? - Disse Columba lendo novamente meus diálogos internos.
- Alguém já lhe disse o quanto inconveniente é sua habilidade de leitura? - Perguntei-lhe enquanto guardava a mochila e me dirigia à porta.
- Uma vez ou duas. Puella disse que estaria na biblioteca dos alunos organizando os livros. Vamos!
- Se acha que sabe ler terá uma surpresa. Os olhos de Puella não perdem nada. Espero que saiba esconder uma mentira o mesmo tanto que sabe descobri-la.
- Não se preocupe para isso temos você.
Saímos do quarto e seguimos em direção a biblioteca dos alunos onde Puella estava.
Que narrativa ! Fiquei presa do inicio ao fim. Mais mais mais...