Como dialogar com alguém que não te ouve,
Que te interrompe com todas as suas certezas.
Para se construir uma cadeira, o moveleiro analisa meticulosamente o material que será utilizado, para sua feitura.
A madeira, a forma, a cor, a espessura, os braços, o prego, a cola, o martelo.
Cada escolha está focada no objetivo da construção.
Como essa madeira ficará pós-reforma?
Como será sua pele?
Quem descansará seu corpo?
Será um homem bondoso, uma mulher sofrida?
Uma criança carente, um gato, um cão?
Receberá um agradecimento por sua beleza?
A cola fixa fortemente?
O prego é necessário naquele espaço?
E o tecido combina?
Tantos detalhes para um acabamento harmonioso e festivo.
Pois, quando alguém sentar-se e sentir a maciez, a delicadeza na pele, seus braços.
O abraço.
Reflete: essa cadeira foi construída com afeto. Carinho. Dedicação.
O olhar de quem está construindo a cadeira, é muito mais importante que o móvel em si.
Pois ele procurou, cortou, talhou, encaixou, transformou a peça de madeira em um objeto útil e decorativo, proporcionou uma vida
Uma nova vivência.
Respiro.
Conheceu seu toque, suas mãos, sua essência.
Durante o caminho várias certezas, tornaram-se incertezas.
Por outros motivos houve interrupção no fazer.
Fazer ouvidos de mercador, foi preciso.
Se houve diálogo, escuta, compreensão.
Só moveleiro e o objeto de sua arte, poderá decidir.