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Foto do escritorStela Alves

Janelas Abelhudas


A área tem janelas grandes e extensa. Através dela, vejo a rua, os transeuntes, alguns apressados para o trabalho, outros só caminhando, exercício matinal, alguns levam os cachorros para o passeio da manhã. Outros a caminho da academia. Os carros sempre em velocidades variadas, os caminhões com as barracas da feira, os ônibus apinhados aguarda o embarque ou desembarque dos passageiros para irem trabalhar, descansar, passear, ou só esperando o semáforo abrir para continuar sua jornada, afinal o motorista e o cobrador, também são passageiros.


As viaturas que circulam pelas ruas do bairro, as vezes muito apressadas, outras bem lentamente. As arvores da rua lateral, com troncos imensos e galhos maiores ainda, as folhas entram por entre a fiação da energia elétrica (imagina quando chove). As casas, os funcionários chegando para mais um dia de trabalho, as empresas abrindo suas portas para receber. Os acidentes sempre entre carros de passeios e motoqueiros ou motoboys, nesse pedaço não há semáforos, e nem poderia. Quase tudo passa por esse espelho. A vida passa por aqui também.


O movimento é bem fluído nessa rua, diverso, lindo, trás e leva esperanças, alegrias, tristezas, risos e choros. Dúvidas. Questionamento, cada um que passa pelo meu portão deixa sua marca, seja pelas pisadas, guimbas deixadas na calçada, ou pelo pacote de bolacha vazio, ou o marmitex com sobras de refeição. Entre outro, melhor deixar para depois né.


Os carros chegam ou para a assistência técnica no Centro Automotivo da Porto Seguro, de um lado. Ou para a oficina administrada por japonês, aliás existe algumas famílias, em minha rua. A janela é amplo, como informei, visões. 

Passa vento, passa chuva, passa enxurrada, deve passar também Exu, ou orixás, todos bem vindos.


Vejo os carros do Sedex, Mercado livre, correios, as moto iodo.


Os funcionários que trabalham nessa rua, sentam-se nas calçadas ou na mureta debaixo da árvore, na pracinha, para repousar do almoço. Talvez eles só queira pensar um pouco, fechar os olhos. Receber o sol, nos rosto cansado. Durante o período escolar, as peruas recebendo e deixando as crianças nas escolas (há mais de uma), em suas casas. E a saída dessas crianças/adolescentes que alvoroço, gritos, correm brincando (são adolescentes mas brincam, a criança sempre existirá).

A empresa enfrente a essa janela é de eventos, então sempre há clientes devolvendo as mesas, cadeiras, toalhas, panelas, louças, pratos, talheres, ou carregando para sua festa.


O homem embriagado, morador antigo todos os conhecem, tem sua casa na pequena rua sem saída, dança entre os carros, motos, ônibus, grita, canta, atrapalha o transito. Cumprimenta a todos. Ninguém discute ou briga com ele. Deixe o ir. Só está em sonhos, coloca sua vida em risco, mas as pessoas o respeitam. Assim deve ser


Às quintas feiras, o sobe e desce de carrinhos e sacolas, sobem vazias e descem carregadas de frutas, legumes, flores, pastel, caldo de cana.

No fim da tarde o transito se forma, pois o fluxo de veículos é extenso, rotas que levam para Av. Interlagos, Comece, Yerevan, Vila Mascote, Estação do metrô Brooklin, Jabaquara.


Nas madrugadas das sextas e sábados, o som do barzinhos, e depois a galera em euforia, subindo a rua, Sei que vão longe, pois conheço esse trajeto. Tudo isso acontece no período de segunda a sexta-feira. Sábado e domingo, não há tanta vida circulando.


Da janela da lavanderia, até alguns dias, existia no quintal do vizinho um Pinheiro de 28 anos de idade com mais ou menos uns 40 mas, outra árvore que com galhos grandes dava sombra para a rua. E a terceira, com troncos grossos galhos longos, com folhagem verde, encobria o sol, mas dava abrigo para os pássaro, acordava com seu cantar, ou os saguis sempre conversado, ou mesmo o beija flor. O Sol insistia em ultrapassar essa densa folhagem para chega a minha janela. Ele resistia, insistia e algumas vezes vencia. Nem sempre claro.


A lua ficava quieta escondida dentre as folhas. Os prédios do outro lado das casas não tinha visão. Nem os fogos de artificio eu conseguia ver no fim de ano.

Hoje tudo muito mais claro, iluminado, o vento passeia pelos cômodos de casa, lavo a louça ou preparo o almoço, café, jantar, observando a lua, os prédios com o acender das luzes quando a noite engoli o dia.


Foram arrancadas, mas sei que outra serão plantas em seu lugar.


Os pássaros deixam eu acorda sozinha, não sei mais das fofocas dos saguis. Não vejo aquela avezinha colorida, bico longo, recolher néctar das flores. Mas a poda/corte era necessário. Esses seres deixaram de vir.


Se as árvores ainda existisse eu poderia não existiria.

 

 

Desafio #16 Texto descritivo

 

 

 

 

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