Seu casamento estava em banho-Maria, há muitos anos. Estavam juntos, mas separados. Embora ainda amasse o marido, Cristina odiava o que seu casamento se tornara. A rotina do dia-a-dia consumira a paixão, que tinha dado início a tudo.
Foi no carnaval dos anos 80 que ela e seu marido haviam se conhecido. Ela era jovem e impulsiva, ele também. O encontro havia sido no clube que os pais dela eram sócios, na primeira noite do baile de carvaval. Ela fantasiada de baiana, Jorge de cowboy.
- Estás sozinha, baianinha?
- À procura de um cowboy para me resgatar. O primeiro que me encontrar, me leva junto – ela já estava meio embriagada ao lhe responder.

Brincaram a noite toda, todas as noites. Sem outras promessas. Marcavam encontro a uma tal hora, em tal lugar, e dali pulavam alegremente, sem muitos planos. Até chegar a terça-feira, última noite. Sem muito pensarem, foram a um canto do clube e começaram a se beijar ardentemente. Ela não pensava muito no que iria acontecer, nem ele.
As carícias, que no começo eram ingênuas, foram se tornando mais intensas. Seu corpo pedia mais, Jorge respondia com intensidade.
Para quem passasse por perto, o vulto dos dois corpos unidos na penumbra do canto isolado não chamava muito a atenção, afinal era carnaval - todos sabiam o que rolava nestes dias e noites. Mas se alguém focasse bem o olhar, veria que os dois estavam num sarro maior que o normal de carnaval. Não eram mais beijos de língua somente. Suas fantasias estavam emboladas, no chão. O bustiê de baiana estava na cintura, e as mãos do Jorge apertavam fortemente os seios jovens e firmes de Cristina, enquanto suas pernas entrelaçavam as dela, num movimento de vai e vem constante.

Ela ainda recordava aquela noite, pois fora dela que seu casamento resultara. Grávida, ela foi forçada a procurar por Jorge, que assumiu a paternidade e propôs casamento. Ambos eram de famílias religiosas, o casamento era esperado para corrigir “o erro de uma noite”, segundo seus pais. Casaram, e tiveram mais dois filhos depois do primeiro. E viveram relativamente bem, até a crise de meia idade chegar, para ambos.
O carnaval deste ano prometia. Ela resolveu que iria brincar, mesmo sem o marido. Deu uma desculpa esfarrapada, envolvendo sua melhor amiga, que precisava de sua ajuda porque havia se submetido a uma operação. Era tudo uma mentira, mas ela precisava desta mentira para o seu plano vingar. Planejou com cuidado, separou sua fantasia (de baiana, de novo), e foi ao clube - o mesmo de anos atrás, havia herdado a carteirinha de sócia dos seus pais.
Sem saber explicar direito, se dirigiu ao mesmo lugar de encontro dos carnavais do passado, que ainda mantinha em sua memória, tentando recordar uma época feliz e livre de sua juventude. Havia tomado uns pileques, e se encontrava meio zonza. Nao demorou muito, e pensou que tinha voltado no tempo.
- Estás sozinha, baianinha?
Ouviu aquela pergunta e seu corpo respondeu, com arrepios.
(para escutar com o GIF...)
Gattorno Giaquinto
# Conto de Carnaval (erótico)
referência de imagens: mídia do wix, editadas + GIF do wix
Esse fogo vai arder de novo."Tira sua polvora de perto do meu fogo"
Eu acho que não foi o marido... Foi cantada de outro cowboy🤭🙄
Fiquei curiosa… Espero que tenham conseguido reacender o fogo da paixão…