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Foto do escritorNicoly Soares

Entrevista com Nicoly soares, por Nicoly Soares

01. Quem é você na arte?


Na arte eu sou enxerida, vivo me metendo em linguagens que não tenho a menor habilidade e ficando quase boa nelas. Gosto de experimentar de tudo e mostrar só aquilo que fala menos de mim e mais dos meus sentimentos sobre o mundo, entende? Me exponho ao máximo em tudo que faço, mas nem metade disso eu divido com o mundo.


02. Por quê?


Porque a vulnerabilidade que a arte nos coloca me assusta. Imagina, mostrar pras pessoas tudo que já escrevi, deixando que vejam minhas cicatrizes e sonhos e planos e medos? jamais. Eu sou uma mulher preta, a sociedade que me julga forte já pisa em mim, imagina se soubesse o que sinto antes de dormir?


03. O que a arte é em você?


A arte é meu caminho, meu refúgio, meu esconderijo e meu palco. Sou tudo, mas, no cansaço, me permito não ser nada. Minha arte me lembra que eu sou a criadora dos meus

dias, que posso cair e chorar e me levantar depois. Que não preciso ser uma fortaleza, mas que eu consigo ser quando é preciso. Minha arte é minha base, meu lugar de desabafo e criatividade, minha forma de me comunicar com o mundo e defender o que acredito.


04. Como você lida com a beleza e a decadência do mundo?


Ainda não sei. A positividade em mim precisa acreditar em dias melhores, nos meus sonhos, no meu trabalho. Eu PRECISO acreditar que a vida vale a pena. Mas as desigualdades, a fome, a seca, o capitalismo, tudo isso me enche de tanta raiva e impotência que me sinto culpada em achar a vida bonita enquanto na verdade esse mundo é um grande terror. Meu jeito de lidar minimamente é acreditar na coletividade, na luta popular, na força das pessoas unidas, é lembrar das trocas que tive e sigo tendo e como isso, a curtos passos, mudam a realidade geral. Faço disso minha missão inclusive na arte, não se acomodar nas injustiças e se lembrar sempre da potência coletiva que a história já provou que temos.


05. Quem é sua maior referência na arte?


São várias, mas acho que talvez a principal seja a glamurosa Tula Pilar. Uma amiga que nunca me deixou perder a fé em mim e que fortaleceu incontáveis pessoas com o brilho solar de sua existência. Ela me lembra que posso brilhar também, e que nada nem ninguém pode derrubar a força e a cura que mulheres pretas unidas promovem umas para as outras


06. Qual o momento mais marcante da sua trajetória artística até aqui?


Acredito que o momento mais marcante até aqui tenha sido o dia que a Suzi, produtora do Sarau do Binho, me convidou para compor o coletivo. Eu admirava tanto aqueles artistas, tietava, pedia foto, autógrafo, e a partir daquele momento nós seríamos colegas de palco. Me fez sentir como se minha existência e palavras fossem necessárias. Me deu sentido, possibilidade e realizou um sonho.



Nicoly soares é Arteira, Produtora Cultural e estudante de Ciências Sociais. Ela faz parte do Grupo LGBTQIA+ do projeto É DIA DE ESCREVER.


Segue ela la no instagram @nicolyssoares.

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