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Corpo Poesia


Ela chegou, pequena, inteira, sem consciência do ciclo, sem saber dos caminhos que a esperavam, das trilhas escritas na pele, das marcas que só os anos revelam.

 O corpo e o envelhecer dançam entre luz e sombra. 



As marcas tornam-se experiências vividas. 

O movimento agora é mais calmo, mas carrega histórias em cada dobradiça, em cada flexão.


Os braços, contornos e textura são vivos, tecido que absorve o calor do Sol e a tranquilidade da Lua. 


O espelho, guardião das mudanças, revela mais do que o rosto, é uma travessia entre paisagens do tempo. 


As rugas, rios que conduzem recordações, desenham caminhos sinuosos na estação da pele.


Os olhos brilham ainda, com fulgor diferente, não o ardor impaciente da juventude, mas um brilho profundo e silencioso, repleto de visões e saudades. 

O vento toca os cabelos embranquecidos com as mãos invisíveis, respeitoso e delicado. 


O cheiro da terra molhada é perfume de permanência, raízes que se aprofundam, fazendo meus pés pisar com firmeza.


O corpo, tecido vivo da metamorfose, respira, pulsa, escuta. 

A pele, que já foi jovem e incendiada, agora repousa na serenidade da Lua, carregando o calor das estações vividas. 


O vento sopra como sussurro antigo, levando memórias e deixando vestígios. 

Não há fim, apenas transformações. 


O corpo não se perde no tempo; ele se ajusta ao balanço dos dias e se estende, flexível.


Permanece sendo casa, território, fotografia. 


Não desaparece, mas se expande, onde cada linha e cada sombra guardam as lembranças da caminhada.


E assim, no compasso do tempo, o corpo segue, 

sendo vida.



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