Corpo Poesia
- Stela Alves
- há 4 dias
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Ela chegou, pequena, inteira, sem consciência do ciclo, sem saber dos caminhos que a esperavam, das trilhas escritas na pele, das marcas que só os anos revelam.
O corpo e o envelhecer dançam entre luz e sombra.
As marcas tornam-se experiências vividas.
O movimento agora é mais calmo, mas carrega histórias em cada dobradiça, em cada flexão.
Os braços, contornos e textura são vivos, tecido que absorve o calor do Sol e a tranquilidade da Lua.
O espelho, guardião das mudanças, revela mais do que o rosto, é uma travessia entre paisagens do tempo.
As rugas, rios que conduzem recordações, desenham caminhos sinuosos na estação da pele.
Os olhos brilham ainda, com fulgor diferente, não o ardor impaciente da juventude, mas um brilho profundo e silencioso, repleto de visões e saudades.
O vento toca os cabelos embranquecidos com as mãos invisíveis, respeitoso e delicado.
O cheiro da terra molhada é perfume de permanência, raízes que se aprofundam, fazendo meus pés pisar com firmeza.
O corpo, tecido vivo da metamorfose, respira, pulsa, escuta.
A pele, que já foi jovem e incendiada, agora repousa na serenidade da Lua, carregando o calor das estações vividas.
O vento sopra como sussurro antigo, levando memórias e deixando vestígios.
Não há fim, apenas transformações.
O corpo não se perde no tempo; ele se ajusta ao balanço dos dias e se estende, flexível.
Permanece sendo casa, território, fotografia.
Não desaparece, mas se expande, onde cada linha e cada sombra guardam as lembranças da caminhada.
E assim, no compasso do tempo, o corpo segue,
sendo vida.
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