Quando eu era criança, minha minha mãe acendia incenso e acreditava que purificava a casa, de certa forma ela nunca foi uma pessoa supersticiosa. Tim Bernardes, o meu cantor favorito, diz que a dor do fim vem pra purificar, e eu sempre me perguntei por quantas dores do fim minha mãe pode ter passado para que encontrasse algo que de fato purificava. O mundo é subjetivo, e nós mais ainda.
Há alguns anos eu lembro de me prometer que o ano seria diferente assim que o dia 1 de janeiro chegasse, mas assim como você deve esperar, eu continuo sendo a mesma pessoa. Adianto que quebrei a cara com a dor do fim, mais ainda por saber que ela não vai ser a última, eu aprendi que purificar é simbólico para qualquer coração destruído. Não significa que somos destroços, mas quando nos doamos ao fim, então acabou. Isso poderia ser sobre muitas pessoas, mas pela primeira vez na vida é sobre mim.
Sobre mim e as promessas que eu nunca cumpri, e nem vou. Sobre tudo aquilo que eu prometi escrever com o coração e consegui, até porque acho que a única vez que faço algo 100% com a alma é escrever. Não significa que falta um pedaço, mas ainda sou a mesma cirança que se perguntava porque um palito com aromatizante poderia purificar tanto a casa de alguém. Em 2024 pretendo aprender, mas não sei o que, até porque 2023 ainda é dolorido.
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