Olá meus leitores e leitoras endividados e endividadas.
Ficaram sabendo da última?
No final do dia de ontem, um dia tipicamente abafado e seco em São Paulo, tomei conhecimento da notícia que estourou como um pedido de truco inesperado, seguido de uma mãozada na mesa. A Co-fundadora da Nu bank (aquele banco digital que parecia prometer a democratização do acesso ao crédito), a sinhazinha , Cristina Junqueira, é entusiasta do Brasil Paralelo. Sim, isso mesmo, aquela plataforma que caga em cima e tenta reescrever a história do país com uma canetada negacionista, promovendo teorias conspiratórias e distorcendo fatos históricos.
Até aí, surpresa zero. Da tal elite eu só espero coisas deste tipo. Minha surpresa mesmo foi com meu amigos e amigas do campo progressista deste país. A reação deste público foi imediata e feroz: "Vamos tirar nosso dinheiro de lá!". Estão gritando aqui no meu whats, email, youtube...
A ironia dessa reação me corrói por dentro. Será que esses indignados, em sua histeria coletiva, não percebem que simplesmente trocar o Nubank pelo Santander, Itaú ou Bradesco é como trocar seis por meia dúzia? Ou melhor, como sair do fogo e cair na frigideira. Estamos todos, sem exceção, nas mãos de uma elite que, embora não abertamente negacionista da ciência, do clima... são ferozmente negacionista sociais. São pessoas ou entidades que, de forma deliberada ou por conveniência, nega, ignora ou minimiza problemas sociais estruturais e sistêmicos, tais como a desigualdade econômica, a injustiça social, a discriminação racial e de gênero, a exclusão financeira, entre outros. Em outras palavras, UNS PUTOS!
Aprende essa: Toda vez que você trombar uma pessoa que MINIMIZA AS DESIGUALDADES, DESLEGITIMA AS DEMANDAS SOCIAIS, REFORÇA O STATUS QUO, ESCOLHE IGNORAR DADOS E FATOS, e faz da sua maior sabedoria CRIAR E MANIPULAR FATOS, DADOS E INFORMAÇÕES, saiba que você está na frente de um ou uma negacionista social.
Essa elite (o famoso 1% que detém 45% da riqueza existente no mundo), monopoliza o dinheiro e o poder, conduzindo a minha, a sua e a vida de todo mundo desta bola suspensa no universo chamada, inferno. Por mais rebelde ou hippie que eu ou você sejamos, estes putos (e putas, claro) estão nos obrigando a fazer o que não queremos, comprar coisas que não queremos, comprar os produtos e serviços deles, pedir emprego para eles, aceitar as leis deles, morar no terreno deles, aceitar o padrão de beleza deles...
Então, leitores e leitoras, a indignação seletiva do público, contra o apoio da Co-fundadora da Nu Bank a uma plataforma reacionária, falha em enxergar a floresta inteira por causa de uma árvore caída. São pobres cachorros que mostram os dentes e arrepiam os pelos. Pessoas que rasgam neste instante as calcinhas e cuecas, gritam e choram, xingam muito no Twitter (me nego a falar "X"), alguns estão indo mesmo tirar seu dinheiro de lá para por no Itaú (risos).
Clichê para você (pessoa sábia), mas para outros vale repetir, o problema é sistêmico e que a verdadeira mudança não virá de uma troca de banco, mas da destruição da lógica por trás desta economia mundial que sustenta essa desigualdade brutal. Todo ato importa. Eu concordo. Mas vamos avançar parceiros e parceiras.
Aí, então, provoco-nos: Qual seria o caminho para derrubarmos essa elite e lógica? Como poderíamos, como sociedade, criar um sistema financeiro verdadeiramente justo e democrático? A resposta, aposto eu que está nas micro-revoluções que já acontecem ao redor do mundo.
Caso não conheçam (e confesso que conheci recentemente), lá na periferia de Fortaleza, no Conjunto Palmeiras, foi fundado em 1998 o, Banco Palmas. Um exemplo vibrante e excitante de como uma comunidade pode criar seu próprio sistema financeiro. O povo ficou cansado de viver essa exclusão financeira, decidiram tacar um grade - Fo@-S& a esta lógica e criaram a moeda social "Palma", que circula entre os moradores, fomentando o comércio local e garantindo que a riqueza gerada permaneça na comunidade. Segundo dados do próprio banco, o uso da moeda social aumentou em 30% o poder de compra da população local e reduziu em 70% a evasão de divisas para fora da comunidade .
Outro exemplo que me deixa "todo molhado" é o JAK Members Bank na Suécia, que opera sem juros e promove o empréstimo baseado em poupança coletiva. O sistema é simples: os membros depositam dinheiro e podem pedir empréstimos sem juros, com a única condição de pouparem no banco o mesmo valor que pediram emprestado, ajudando outros membros a terem acesso a crédito. Um sistema que não só promove a justiça econômica, mas também evita a especulação financeira que enriquece poucos às custas de muitos .
Toma outro (saí pesquisando né?!): Em Bristol, na Inglaterra, temos o "Bristol Pound", uma moeda local que incentiva os residentes a gastarem seu dinheiro em negócios locais, promovendo o desenvolvimento sustentável da cidade. Empresas e indivíduos que utilizam o Bristol Pound formam uma rede de suporte mútuo que fortalece a economia local, mantendo a riqueza dentro da comunidade .
O "único" problema de sistemas paralelos — que podem funcionar muito bem— é a garantia de que quem está por trás não vai sumir. O respaldo não pode ficar nas mãos de poucos: foi assim que grandes (e pequenos) bancos faliram e deixaram clientes na mão. O sistema de cooperativa é bom enquanto funciona. Quando há um deslize, todos caem.
Bancos virtuais me dão mais medo que os que ainda têm agências físicas. Se o colchão fosse mais seguro, o pouco que tenho lá ficaria. E eu teria perdido tudo, com tantos planos econômicos que mudaram regras e papéis.
Às vezes eu acho que não ter muito dinheiro é mais tranquilo... Por isso não tenho 🤭🤭