Ao som de Roberto Carlos nasceu!
"...Eu sei todo dia nessa estrada…"
Às 11:30 de um 21 de dezembro seu primeiro respiro deu
Rua de terra, tias, avós, primos e primas
No número 52 de uma rua periférica cresceu
No quintal hoje bem menor do que parecia
Uma balança na goiabeira, um poço, pé de laranja, pitanga, caqui
No meio da plantação de milho de sua avó preta entrava numa floresta encantada e de monstros e vilões se escondia
Batalhas com espadas de cabo de vassoura combatia
De manhã uma nave esfumaçada aparecia
Cantava, dançava e falava muito toda hora era tudo alegria
Mas logo cedo vieram as pedras
No seu corpo aquela dança não cabia
Ser como conseguia ser, como era não era permitido, não não podia!
Mas como ser outro diferente do que era?
Isso não sabia
Chacotas, insultos, um bloco vindo do teto do pátio da escola encontrou sua cabeça
Bichinha, viadinho, Xuxinha…
Um pau com fogo na sua rua arremessaram
Realidade dura apresentaram
E feriram aquele menino, aquela criança
Feriram fundo e hoje não dança
Contudo, houveram também amores
Teve uma tia, que muito bem lhe queria
Sua mãe, família, que amenizaram suas dores
E nos palcos reviu e muito do brilho
O caleidoscópio que era, renasceu em cores
Um novo mundo se revelou
Nos domínios de Baco se encontrou
E ali nova paixão brotou
E desatou muitos nós
Ouviu de repente sua própria voz
Vinda da alma, do coração
Pra companhia da voz veio o violão
E daí pra frente, as paixões, as topadas
Seu riso, lágrima, as desilusões
Viraram tom, nota, compasso
Cantando sua história em muitas canções
Mergulhos profundos na espiritualidade
No fundo de seru mar
Curou cortes
Chorou mortes dos amados que foram voar
E ainda na senda seguia pra se entender
Viveu Psicologia
Mais feridas, da vida mais matizes
Encontrou ainda mais cicatrizes
Coisas que não podia nem suspeitar
Viu uma flor nascer
E do sagrado quis mais aprender
Do início da luz
Mulher da vida portal
Feminino mergulho abissal
No labirinto infinito
Foi se achar, se perder
No paraíso verde com sábias matronas
No coração do majestoso Amazonas
Mais canção, mais amigo, irmão
Couberam todos no seu coração
Beleza pra nunca esquecer
Pra Selva de Pedra voltou
Tropeçou, levantou
E hoje garimpa amor
Se ainda tiver em SP
As palavras, curativa magia
Hoje são suas estrelas, seus, conselheiras, seus guias
Cantando, contando
Pintando
Seus passos poetizando
Lama, lava, do peito vomitando
E cantando segue enquanto viver
Conta, canta sobre o viver
Canta, conta pra sobreviver
Rodrigo Maria Dias é cantor, ator, músico, psicólogo, tarólogo e navegante.
Ele faz parte do Grupo LGBTQIA+ de Novos Autores que compõe o projeto É DIA DE ESCREVER.
Segue ele lá no instagram e acompanhe a sua artes. @rodrigomariadias
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