No começo da vida, eu fui escolhida no caminho A, do plano A como se o destino fosse escrito pela sociedade. Cresci, virei gente, estudei com muitas dificuldades de aprendizagem, adorava química e fiz o magistério. Prestei vestibular para veterinária, direito, arquitetura e passei em Psicologia onde me formei após cinco anos adoráveis.
Fui trabalhar na área ficando pouco tempo porque na época o marido se incomodava que eu fosse psicóloga. Continuei trabalhando como professora, segurando a casa para "Mônica e o Eduardo" e para minha filha ter um futuro. Nesse caminho, fiquei doente enfrentando as severas críticas da família do "Eduardo". Enfrentei o primeiro câncer. No dia que eu venci eu disse para ele que eu não queria essa vida e que se ele ficasse comigo teria que mudar seus padrões juntamente com a sua família. Até que ele tentou, mas a gente sabia que não ia mudar. Era eu que não queria mais essa vida de arrependimentos e sofrimento com ele. No processo de cura, um ano e meio depois da primeira cirurgia, veio o diagnóstico do segundo tumor, com a especialização terminada em Gestão Pública Municipal, com a segunda faculdade de Pedagogia finalizada, com o trabalho de pedagoga continuando e com o início de formação acadêmica da minha filha (ela).
Enfrentei uma nova cirurgia com a gratidão de mais uma etapa vencida viajei com ela para o Uruguay para ver o mar. No ano seguinte, fazendo curso de inglês e não suportando mais a vida a dois, fui com ela para Mucuri extremo Sul da Bahia para ver o mar, fazer os mergulhos por Abrolhos onde conheci muitas pessoas e me conectei com suas histórias de vida que me fizeram perceber que eu estava numa relação abusiva.
Voltei para casa, descasei e sofri o luto do fechamento de mais uma fase de vida.
Como recomeçar?
Fui trabalhar com uma amiga, levei um puxão de tapete me fazendo recomeçar como profissional da educação.
Chegou a pandemia. Me inscrevi no concurso literário da Livraria de Portugal, valeu a experiência. Me inscrevi no "É dia de escrever", criei o blogger "Dicas de Vida em Perspectiva", voltei a atuar como psicóloga, fiz marmitas veganas congeladas e as vendia por um aplicativo, comecei a organizar meu primeiro livro digital "Qualidade de Vida: um caminho e muitas escolhas", comecei a organizar o segundo livro com o objetivo de publicar fisicamente (ainda no plano de execução).
No caminho do meio, fiz e desfiz amizades, entrei e saí do moto clube, comecei e desisti de aprender a andar de moto, sou vegana eluto pela inclusão alimentar.
Nesse trajeto, hoje eu digo que estou em busca de mim, atendendo os chamados da ancestralidade, de algo que eu não vejo, não sei, somente sinto.
Continuo trabalhando como professora e pedagoga, como psicóloga, como escritora.
Hoje aprendo sobre ervas de banho, me alimento da cultura indígena nesse percurso de reconstrução de mim mesma.
Tenho um projeto intitulado "Deixa eu escrever a sua história" porque a cura vem da conexão com as histórias de vida dos outros, aprendemos com as pessoas.
Hoje me desafio em travessias em águas abertas, começando com 500 metros em águas abertas quentes e frias.
Hoje posso dizer que nunca estarei pronta para nada porque estou sempre em busca.
Ela, minha filha, está do outro lado do mundo fazendo doutorado em Oceanografia e diz que quer a carreira acadêmica por culpa minha, essa culpa eu carrego; é muito boa. Ela está feliz.
Ah, felicidade é um estado momentâneo que eu sempre busco "entre o céu e o mar".
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