Orquestra Silenciosa
- Stela Alves
- 13 de ago.
- 1 min de leitura
É só um desabafo.
Sou uma verdadeira orquestra de órgãos, cada instrumento com sua musicalidade, sonoridade, compasso. Tenho o poder de proteger, guardar, segurar, envolver com firmeza e delicadeza, revestir cada parte interna com cuidado.
Sou sensível, flor da pele. O sol ardente me queima, mancha, machuca, fere. Sorrio quando a água gelada do mar me envolve, sua espuma borbulha nesse tecido. Quando me cortam, rasgam e se aprofundam nesse universo de nervos, articulações, ossos, sangro, sofro, me calo. Não grito.
Vou caminhando, e aos poucos me recupero. Tenho marcas, cortes, cicatrizes - das brincadeiras de criança, dos tombos da idade. O desejo de nunca enrugar, secar, de manter minha elasticidade e brilho me acompanha todos os dias. São mágoas que guardo, dos apertos, esbarrões, memórias, arrepios e enfrentamentos.
Sou resistente. Sigo contente, com alegria, ouvindo, cantando,
pulsando com essa orquestra corporal que sou.
Midia Wix:Statue with blac
Uma sinfonia, quando deixo as asas da imaginação me flechar é assim que sinto meu corpo, cada órgão é um som, uma melodia. Repente de sons.
Desafio: Quinzena Literária - 4 -Diário de um Corpo
Prosa Poética / Narrativa Íntima
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