Essa história nem devia ser contada. Foi silenciada por questões de segurança familiar. Por que contar? Certa vez conheci uma professora do ensino fundamental I que me convidou a contar parte da minha história para uma de suas turmas e eu fui. A professora em questão gravou toda a entrevista na sala de aula e no final uma adolescente disse que não devia mostrar e divulgar esta gravação por questões de segurança.
Esta história começou na década de 70 quando os telefones eram grampeados, as conversas eram ouvidas, as famílias eram alvo de fardados. Certo dia, bateram na porta da casa da minha avó, mesmo sabendo quem era e vendo pela janela, a porta foi aberta, uma criança arremessada para o sofá na brutalidade de um simples fardado e meu avô foi levado. Um pé do seu chinelo ficou na sala no meio do tapete amarrotado e eu criança pequena e assustada dormi na cama deles, no lado que o meu avô dormia. Uma hora depois os mesmos "oficiais" voltaram e solicitaram que eu fosse tirada da cama porque suspeitavam que eu escondia livros e cadernos que seriam usados como provas para incriminar alguém que já estava em seu poder.
Na mesma cidade que eles moravam e que meu avô foi torturado por lutar por liberdade de expressão e política, hoje tem um parque em sua homenagem, onde bebês, crianças, jovens e adultos se encontram com a liberdade de expressão.
Em outra cidade do Brasil, na mesma época acontecia as barbáries com pessoas internadas, que não necessariamente eram chamadas de doentes mentais, todo "louco" perdido ou encontrado nas ruas eram jogados nessas instituições que não consideravam pessoas com suas necessidades humanas respeitadas. Dessa realidade, da necessidade de contar a verdadeira história da falta do respeito à saúde humana nasceu o livro "O Holocausto Brasileiro". Foram tempos onde poucos se atreviam a conversar nas ruas, pontos de ônibus ou sentar nas calçadas para ver o pôr-do-sol.
Olá! Tenho para você leitor uma história para cada dia, um conto, uma poesia, uma prosa. Histórias de uma vida vivida, histórias construídas através dos meus olhos e ouvidos. Serão 365 histórias de um projeto de escrita da Editora Questione. Se gosta de escrever venha fazer parte desse projeto. Se gosta de ler, se inscreve para ajudar no engajamento e receber as notificações de novas publicações e lembra de compartilhar. GRATIDÃO!
Tenho memórias das ações.