Comichão não espera antes de falar
Na trova como nessa vida aperreada
Saio cantando palavras que nem um cão
Versos saltam da língua numa carreada
O coração pulsa que nem um abestado
Nas canções levo minha vida chateado
Coração mole como uma flor arroxeada
Em rima e na pressa, como fofoca
Conto histórias desse povo diverso
Povo forte, gentil e afeiçoado na arenga
Palavras se atropelam em cada verso
Não espero aplausos, fico de tocaia
Nem sempre agrado, como maracutaia
E quem não entende fica mais perverso
Faço de histórias causos pra contar
Sou falante e avexado sim senhor
Sou nordestino, sulista ou nortista,
Falo do povo, do marido, do traidor
No boteco, em casa ou na vizinha
Cabra da peste, cabueta, mulher minha
Falo da mulher que espera com amor
Prefiro a vida onde eu cante o afeto
Não me avexo no sotaque do turista
Com a sanfona, violão ou tambor
Sigo e enfrento, chamado de bairrista
Se ele compra minhas palavras de dor
Me faço mais cantante com louvor
Na música e na paixão sigo carreirista
A praça espera, o povo aguarda
Me preparo e lá chego contente
Tem gente triste, alegre, apressada
Canto descabriado, povo impaciente
Canto a vida seja ela como for
Triste ou sorrindo, luto pelo amor
Sigo, sempre, em frente, no repente!
Goretti Giaquinto
Desafio #91 de 365
Tema: Cordel que é Cordel...
Escreva um cordel que fale sobre a literatura de cordel
Utilizar rimas e métricas, características do cordel, mantendo a estrutura tradicional
Mínimo de 4 estrofes
Me senti perto de casa😉