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Por Vida! Por Arquitetura Feminista.

Não de hoje, muitas de nós têm medo de sair de casa. Não só assaltos, pequenos furtos ou falta de acessos impedem nosso direito à cidade. É que há pouco mais de um mês, o Caso Bruna ocupou nossas redes e mentes.


A pesquisadora Bruna Oliveira da Silva foi encontrada morta no último dia 17/04/2025. Permaneceu desaparecida por quatro dias até ser encontrada morta em estacionamento baldio, próximo ao Metrô Itaquera, em São Paulo. Ao seguir da Avenida Sport Club Corinthians Paulista até sua casa, foi abordada pelo até então, desconhecido assassino.  


É 2025, esperávamos carros voadores, mas, à lá Bertold Brecht, é preciso dizer o óbvio: as mulheres têm medo de não voltarem vivas. São diversas de nós mortas diariamente, o que apenas confirma o estado de São Paulo como o maior número de feminicídios desde 2018, quando o crime passou a ser contabilizado separadamente no estado.


Ao todo, foram 253 vítimas, antes 221 em 2023. Portanto, um aumento de 14%.

Muito se atribui a violência contra a mulher ao espaço privado. Muito se atribuiu liberdade ao caminhar ao ar livre. Porém, a cidade é um campo de batalha para nós.


Níveis de atenção se reduzem quando submetidas às jornadas de trabalho laboral e/ou de cuidado exaustivas.


A iluminação pública é precária.


As calçadas, desniveladas.


Cartografias hostis.


Gerenciamos nossos acessos com base nas movimentações de pedestres, policiamento ou presença (e ausência) de pontos de transporte. Cuidados estes observados desde muito jovens, passados de mãe (os pais, comumente, saem para comprar cigarro -e não voltam- no Brasil) para filha. Logo, já é parte da cultura brasileira.


Mas a solução não é individual.


Parafraseando a arquiteta Joice Berth, as cidades brasileiras cresceram ignorando as próprias margens e, por isso, não são neutras. Mas perpetuadoras da segregação. Não à toa mulheres, negras e negros, crianças, pessoas com deficiência ou transgêneras são as que mais sofrem em territórios marginalizados.


A cidade não é nossa.

Mas fazê-la ser é justiça não só à memória de Bruna, mas a todas que fazem a roda – que não é nossa - girar.




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