Estava perto de desistir da viagem quando ela olhou para mim e me perguntou se eu realmente a amava.
- Mas que pergunta “do nada” é essa Débora? Estou falando do meu cansaço pô. Não tem nada a ver com amar ou não amar. O projeto arquitetônico do novo clube está tomando todas as minhas energias e aquele povo é exigente pra caramba.
- Tudo pra você é só trabalho Felipe! Vamos fazes assim então: vou desfazer as malas, colocar meu biquini e vou pra praia. Não sei se volto hoje pra casa, mas haverá sinais!
Entrou para o quarto e bateu a porta com tanta força que o gesso do teto balançou. Cinco minutos depois passou com o menor biquini que eu já na vida, a canga de praia amarrada no pescoço e dessa vez usou a porta da sala pra balançar o gesso do teto. Daria a ela um tempo pra se acalmar. Cederia no final e sei que íamos viajar, não há nada que esteja ao meu alcance que eu não faça por ela.
Quando cheguei no calçadão da praia o mar parecia estar de ressaca. Foi quando senti Débora me puxar pelo braço.
-Vamos embora! O caos chegou!
-Olha amor não precisa ser dramática, ok? Nós vamos viajar!
-Se não formos embora daqui agora nós vamos viajar mesmo e vai ser mais longe de Vitória do que imagina!
Foi quando reparei como a água do mar estava escura e a linha do horizonte parecia estar se abrindo e derramando um líquido preto no oceano.
- O que é...?
- Aquilo é um rasgo no véu dos planos meu amor. Tudo que você conhece vai mudar a partir de agora.
Um casal. Um dia comum. Uma discussão e uma viagem adiada. Um rasgo no véu dos planos. O caos chegou por aqui.
Perfeitamente escrito, ritmo maravilhoso, incrivelmente fluido e deixando suspense como ce sempre faz… ai quero maaais