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Na Parede

Tudo acontece entre três paredes.


O espelho reflete corpos pequenos, altos, baixos, longos, curtos, jovens. Envelhecidos, maduros, envelhecendo. Mescla o masculino-feminino, o juvenil. 


A mão em desenho, forma a folhinha, vai e volta, empurra e puxa o ar, que força o vento a lançar o véu, como asas em uma metamorfose entre o abrir e fechar, nas rodas, no giro de cores, totalmente descontrolado.


A timidez, sempre presente, o olhar em busca de copiar, de ver o movimento ao lado, dos véus que se encontram, quando voam em corridinhas na pontinha dos pés.


O bastão corta o vácuo, na luta nem sempre entre o bem e o mal, mas em cruzadas, batidas repetidas, que chama para a batalha do dançar, cruzar, saltar, lançar, escorrega pelo braço, o som alegra.


O quadril em círculos, a pelve em movimentos de expandir e recolher, dentro e fora, sobe e desce, como a roda gigante, a roda da vida.


Os braços sempre em asas ou com asas.


As mãos dilaceram com sabedoria ervas, folhas cascas de árvores e grãos. Na bacia toda essa mistura se transforma em “cura”. No murmúrio dos lábios a reza que espanta o mal que habita o corpo. A benzedeira.  


Novamente o espelho.  Ele reflete a dança.


Os olhos semi-cobertos, observam e sorriem ao encontrar outros olhos.


Se achegue: “Vou lhe contar um segredo: esses corpos, essas mãos, esses olhares, essas pélvis, esses úteros, dançam, mas elas não sabem ainda”.


Esse movimento ainda desconhecido é o corpo que se expande, se expressa. Dançam na diversidade da cidade, da idade, do saber. 


No chão a flor vermelha, imagem do pássaro. 





Essa escrita, vem das Danças Árabes que frequento. São imagens que se formam quando estou nesse aprendizado.


Stela Alves



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