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Não Muito a Fim de Conversa, Mas...

Bom, esperei você ir embora. Mas já vi que os humanos não têm o senso de liberdade ou de privacidade como nós temos: é melhor eu ir direto ao ponto.


Obviamente, sou um gato (achei bom reforçar já que dizem que fora o polegar opositor, vocês não têm lá tantas vantagens cognitivas acima de nós) e como um gato, costumo dormir longos períodos quando posso, importuno um ou outro humano vez em quando, finjo que me importo com os cães e os faço me perseguir nos dias que estou a fim de aventura (muito raros esses dias).


Gosto mesmo de me espreguiçar nos raios de sol pela manhã, sabe? Aqueles que tem cheiro de pão, apesar de detestar pães e massas. Sou um gato não tão jovem, mas também não tão velho: quando se vive nas ruas, a passagem de tempo pouco importa, eu acho. Já quis ser adotado, tentei inclusive forçar adoção algumas vezes (não que eu me envaideça por tal). Mas vocês não tem paciência para o jeito de um gato.


Enfim, vou seguindo entre um telhado e outro, observando alguns poucos amigos. Aliás: gosto de observar como meus amigos tem sua vida mudada após adoção. Outro dia mesmo, fui cumprimentar o Marcelo, e ele logo foi informando que seu nome agora era Paçoca. Isso não o agradou, mas ao que parece, a humana não entendeu os protestos em forma de miado dele (Marcelo nunca foi bom em miadês mesmo, coitado).


E o que mais eu poderia dizer sobre minha vida? Nascemos pobres, livres e etc tal qual você já deve saber. Acho que pra alguns humanos, eu só reforçaria que: nascemos. E diante disso, o mínimo que poderiam fazer é nos dar uma forma de continuar nascendo todos os dias.


Agora, por favor vá indo: não quero atrasar minha próxima soneca.


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