Permanece a mesma desde que eu nasci em estruturas. A principal mudança foi no “clima” que agora tem. Me mudei dela algumas vezes e retornei outras tantas.
Lembro-me de quando o calçamento era do estilo “pé-de-moleque” chamado assim devido à semelhança das pedras no chão com o amendoim no doce. Era a época que brincar nela com seus amigos era saudável: pique-esconde, bolinha de gude, três cortes e outras mais. No banquinho da venda do sô Pedro Amâncio ficávamos conversando até tarde da noite – nove e meia/dez horas – ou até a mãe de alguém chamar. Tinha nela amigos, família, duas vendas e a janela de uma casa que vendia geladinho.
A lembrança dela é tão cheia de luz e cor e o presente tão escuro e em preto e branco já que a iluminação pública falha em três postes. O doce do calçamento virou um amargo asfalto que permite carros e motos praticarem fórmula 1 e colocar em perigo os pedestres. A doença do celular ser seu amigo chegou e as brincadeiras acabaram. A mercearia se transformou em um boteco e a boemia chegou na vizinhança. Temos agora companheiros de bar, de vez em quando uma sanfona e venda de cerveja geladinha.
Permanece a mesma, mas com o tempo percebi que os arredores mudam quando a mudança é interior. Antes o que me causava uma vontade de fugir hoje me traz paz e aconchego. Fazia planos de ir embora e não voltar, hoje vejo que rua João Pinheiro é meu lar e agradeço por tê-lo.
Regras Desafio #57 - Se Essa Rua Fosse Minha
1 - Escreva sobre uma rua em que já morou no passado
2 - Da onde vem o nome, relacionamento com vizinhos, o que mudaria nela...
3 - Livre de caracteres
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