A homenagem “de cara” no novo site do projeto me deixou emocionada. A foto postada —recuperada lá do primeiro projeto que participei — me trouxe à memória o período conturbado vivido há três anos. Nele, um dos mais difíceis que passei.
O vírus que parou o mundo, deixou famílias desoladas e a economia paralisada, me surpreendeu pessoalmente com a morte de um amigo de muitos anos, parceiro profissional com quem eu ainda exercia a profissão, após a “aposentadoria oficial” na empresa onde trabalhei por trinta e quatro anos.
Eu tinha me inscrito no projeto da Diários de Viagem — que oferecia um diário de bordo para mulheres e grupos em faixas de diferentes de idade, de gênero e de experiência de vida. Me inscrevi achando que ia ser apenas para ganhar o livro em branco do projeto. Na realidade, veio a ser um projeto onde iria reescrever a minha vida — acinzentada no caos da COVID.
O projeto me salvou de um período de luto, de solidão, de tristeza. Os cursos e a escrita semanal me convidaram a repensar e a expressar emoções em páginas em branco. Foi uma forma lúdica de me arrancar do dia a dia assustador, onde eu flutuei pela vida sem saber se nela continuaria.
A pandemia que virou o mundo de cabeça para baixo, me fez olhar para projetos engavetados no corre-corre de viver. Para reviver, escrevi, pintei, fiz cursos. Deixei-me envolver na tecnologia para poder me (re)encontrar. Eu — que já tinha passado por tanta coisa na vida — me vi aprendiz no +6.0.
No confronto com a morte — que não deixa de ser inevitável — sacudi minha vida. Me deixei surpreender por palavras que — surpreendentemente — se espremiam para sair e manchar as páginas à minha frente, muitas vezes borradas pelo silêncio interior que passou a ser o único companheiro de vida.
A foto no site me relembrou a força que se esconde através das palavras de quem escreve histórias. Me repassou as minhas histórias — ainda não esquecidas, mas que reverberam num sorriso escondido, em fotos ou em subtextos das palavras que consigo pôr no papel.
Escrever é magia: traz brilho a vidas paralisadas pelo tempo esquecido na memória, e passa tão rápido que só se eternizam se transformadas em palavras, frases, parágrafos.
Foi através do projeto que o aperto daquela vida-quase-insuportável eu transcendi dores e silêncios. Projeto que me aproximou de algo que gostava de fazer, mas relegara ao plano de “um dia farei”.
A escrita me conecta com outros que vivem histórias, como eu, no cantinho da resistência de uma vida que ainda não acabou.
Goretti Giaquinto
Projeto de vida: Ler... escrever...
Parabéns pelos incríveis textos minha companheira escritora desse lindo site^^ Sou fã de carteirinha da sua escrita. Forte abraço!