Fui atleta de ocasião. Primeiro, para emagrecer: sempre tive problemas com espelhos, o reflexo deturpava minha imagem😊. Depois, pra manter a bolsa de estudos gratuita, no colégio. Na “carreira” de esportista, parti da ginástica de solo — tentativa, claro, nas aulas de educação física — ao atletismo, na corrida de 400 m/800 m. Minhas pernas, curtas, não corriam muito, só na fuga de baratas.
Passeei pelo basquete, handebol, natação. Focava nos exercícios pesados, e fingia jogar em quadra e nadar, na água. Minhas pernas me ajudavam a ir e voltar de todos os lugares.
Davam carona ao meu corpo, no ir e vir. O que me dava muita resistência física pra aguentar o estudo, os esportes e vida de estudante.
Também pratiquei balé, quando criança — imposição da criação infantil da época. E participei grupos folclóricos de dança portuguesa e italiana. O balé clássico, o vira e a tarantella, junto com os esportes coletivos, me jogaram para participações diante do público. Para perder a vergonha. Enfrentar o medo de errar coreografias. Conviver com a pressão. Às vezes não gostava muito, mas persistia. O medo da competição me estressava. Mas enfrentei tudo. Nunca fui excelente, mas pelo menos mantive o peso e ... fiz terapia gratuita.
Tinha um complicador: usava lentes de contato, grau meio alto. Cheguei a pedir ao juiz pra parar um jogo de handebol, por ter perdido uma das lente. Achei, soprei, lambi e pus no olho. Felizmente não tive infecção. No basquete, não tinha muita força — nem mira — para acertar a bola no cesto, via tabela. Tinha fôlego pra correr, pra treinar subindo na arquibancada, no treino pesadíssimo que o treinador impunha. Tudo para ter um corpo fit. O esporte coletivo me trouxe a experiência de trabalho em equipe, tão necessária pessoal e profissionalmente. Ainda bem.
Abandonei a tentativa de ser atleta de corrida bem no ano em que iria prestar vestibular. E que fui convocada pra treinar na seletiva de jogos colegiais brasileiros, representando Pernambuco. Optei pelo vestibular, que me introduziu na formação profissional que me sustentou. Nunca seria atleta profissional. Nunca me enganei quanto a isso!😂
Daí, fui para a musculação, para o jazz. Meu meio de transporte, por um bom tempo, foi uma bicicleta. Fui a muitos lugares, pela cidade, sem medo. A bicicleta, declarada como bem no meu primeiro imposto de renda, foi fundamental pra financiar meu primeiro carro. O gerente do banco se divertiu com o ineditismo, e me chamou pra conversar. Achou que eu podia pagar. Pela honestidade. E ingenuidade. E virei motorizada.
Trabalhando, enveredei pelo Ioga. Pela dança do ventre. Zumba. Pelo treinamento
funcional. Até chegar ao Pilates e Dança Fit, onde estou há uns oito anos. É o que a idade permite, junto com o corpo e o fôlego desses sessenta e alguns anos. O importante é movimentar, claro.
Atletosa, agora. Ex-atleta, idosa que se recusa a abandonar o cuidado com a saúde, para morrer saudável. Para aguentar o tranco dos desafios que permanecem, no além da flor da idade. Os espinhos, esqueço nos minutos em que pratico as atividades. Gosto de variar as atividades físicas. Me cansa repetir as séries com mesmo tipo de exercício, como na musculação. Sem falar que, nas academias, pra ter a atenção de um profissional, teria que pagar um personal, pois as “meninas” tomam toda a atenção nos poucos profissionais disponíveis. Digo isso porque já tentei — e desisti — diversas vezes. E sei que exercícios errados causam mais dano que benefícios.
Agora, prefiro fazer o que me faz ter vontade de sair de casa pra suar. Senão, fico em casa no ócio pra estimular minha criatividade, exercitando os neurônios da ... tenra idade. Sigo no
Pilates e na dança Fit, às vezes fazendo dancinhas e acrobacias, postando nas redes sociais e me divertindo, sem pressão. Aceitando as minhas limitações e aprendendo. Vida em Movimento, sempre: corpo, mente, espírito.
Passando vergonha nas redes... (Arquivo pessoal)
Goretti Giaquinto
Desafio #50 de 365
Tema: Praticando Esportes e a Escrita
Escolher um esporte, escrever o que mais gosta ou mais odeia nesse esporte
Até que você experimentou vários esportes, Goretti. Legal! Eu também faço pilates.