Não sou eu quem me navego
ainda assim
sou eu quem me lança ao mar
o mar é uma lembrança antiga
esquecida no google fotos
afundando os pés na areia
deslizando por entre as ondas
entre outros
que guardam no corpo
a memória do mar
bebendo cerveja num boteco
o mar é uma utopia
os olhos dissimulam
as mulheres rebolando ao lado
inventam ética impossíveis
quem sabe assim
criam condições
para o desejo
ao sabor do vento
invento a embarcação
não sou eu quem me navego
I am the sea
improviso uma roupa de marinheiro
e um chapéu de pirata
lanço-me ao mar
rumo a ilhas amigáveis
deixo a saudade
à beira mar
e a certeza
do regresso

Henrique Lima faz parte do Grupo de Negritudes do projeto É DIA DE ESCREVER.
Segue ele lá no @lima.henriquie
Comments