Ola, leitores e leitoras!
Como todo jornaleco que se preza, o Molotov Bairrista, por mais que nossa equipe não ansiasse por este momento, hoje estreamos o nosso obituário.
Estamos de luto.
Estreamos nosso obituário que esperamos que não se faça tão presente por aqui em nossos textos, porém, sempre que vier, traremos uma reflexão provocada pela vida e obra da pessoa que abandonou esse barco chamado vida.
E hoje choramos por “Tia Nilza”, mãe do nosso companheiro, amigo pessoal e da luta anticapacitista, Paulo Fabião.
Não há palavras que possam confortar nossos corações e mentes neste momento. Nossos sentimentos e preces já foram feitas em nome de sua mãe, do nosso amigo e de sua família.
Como ele mesmo disse:
“MÃES NÃO DEVERIAM MORRER, MUITO MENOS MÃE SOLO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA!”.
O luto de perder uma mãe é uma dor inominável, mas quando essa mãe é uma mãe solo, criando um filho com deficiência nos difíceis anos 90 (e pela vida), o impacto é ainda mais profundo. Naquela época, a inclusão e as leis para proteção e emancipação das pessoas com deficiência eram escassas, e só familiares de PcD’s sabem o quão vulnerável eram as condições para se criar crianças com deficiência e, em geral, mães é que ficavam (e ainda ficam) com a tarefa de tornar a vida menos complicada para estas crianças, adolescentes e adultos.
Para as mães de Pessoas com Deficiência, criar um filho com deficiência era, e ainda é, uma jornada de luta constante. Tia Nilza, foi uma destas mães, como tantas outras que temos neste mundão veio sem noção. Sem o suporte de uma rede robusta de assistência social, enfrentando a ausência de políticas inclusivas e uma sociedade capacitista, as mães de Pessoas com Deficiência se tornavam as únicas defensoras e provedoras de seus filhos. A sociedade pouco compreendia as necessidades dessas famílias, e o preconceito era, e é, uma barreira diária que, Tia Nilza e todas as mães de PcD's enfrentam.
Fica aqui nosso sentimentos e desejo de força para nosso companheiro, Paulo Fabião e família. Nosso desejo de uma boa passagem para, Tia Nilza, e nosso agradecimento a ela por trazer ao mundo esse ser companheiro, inteligente, de mente e coração que zela pelo coletivo e que nos ensina e alegra todos os dias.
Pensem mil vezes antes de julgar ou falar sobre mães e, em especial, mães solos e de filhes PcD’s. São mulheres que dedicam sua vida a garantir que seus filhos tenham acesso a cuidados médicos adequados, educação, lazer e, acima de tudo, amor e aceitação. Muitas vezes, renunciam aos próprios sonhos e necessidades para estar presente, enfrentar burocracias, e lutar por direitos básicos. Suas jornadas são longas e solitárias, recheadas de frustrações, mas também de momentos de profunda conexão e orgulho pelas pequenas conquistas dos filhos.
Fabião é macho formado. Autor de livros, criador e ator de shows de comédias maravilhosos, roteirista, parceiro e amigo. Um trabalho incrível que só a, Tia Nilza conseguiria entregar.
Quando essa mãe parte (Mães solso de filhes PcD's), a perda ressoa em múltiplas camadas. Para o filho, ela era a figura central, a melhor amiga, a voz constante de apoio e a mão sempre estendida para ajudar a superar os desafios do dia a dia. Para as Pessoas com Deficiência, é como se também perdessem um pouquinho da própria mãe e história. O luto, nesse contexto, não é apenas pela mãe que se foi, mas pela estrutura de vida que ela representava.
Tia Nilza, vá com a certeza que deixou exemplos, legados e sentimentos bons aqui neste planeta. Vá sabendo que seu filho tem amigos e um grupo que sempre vai apoiá-lo. E você Fabião, saiba que tem aqui nesse redator e no seu grupo, o Comédia Sentada, amigos, amigas, amigues, apoio e pessoas que te amam e sempre estarão por você, como sabemos que você também sempre estará por nós.
Saudades, Tia Nilza!
Em Luto,
Bob Wilson
Seu esforço será recompensado onde estiver. Força para a família!
Força à família e ao filho que teve essa mãe maravilhosa ao lado...💗