Nos bordejos que dou pela cidade, encontro pessoas que aos olhos dos transeuntes são invisíveis.
Nem sempre visíveis, aos meus também.
O invisível da alma.
Do lado a lado.
Nas calçadas, nas valetas, nos becos das favelas.
A verdade invisível.
A individualidade da mentira.
Contrapontos sem melodia.
Que se confrontam, se afirmam.
O indivíduo invisível.
E a visibilidade individual.
Dois pontos de partida.
Que se unem e guerreiam,
no campo de batalha sangrento, os corpos se acumulam, e se amontoam.
Os vales e as valas, estão repletos.
A cada avanço das milícias,
Rajadas, são ouvidas, no imenso chão vermelho.
Antes verde.
Percorro entre esses corpos inertes,
Decompostos, fedorentos, podre.
O invisível da dor.
O azedume dos cadáveres se mistura com o aroma de pólvora.
Emana o indivíduo.
Quem vencerá essa batalha?
Que o acompanha, e surge a individualidade.
Morrerás nesse barco Viking?
Que atracou a beira mar.
Que trouxe na bandeira içada seu brasão de horror.
Quem mais enfrenta esse conflito?
Para a sobrevivência da humanidade.
Quem ouvirá o cantar do exilado?
Quem irá suportar o grito dos torturados?
Quem vai unir os pedaços dos mutilados?
Quem sepultará essas carcaças?
No campo que se transforma em Mar Vermelho.
Á vista de todos
A milícia nas rajadas.
O chão vermelho.
E o navio tumbeiro, continua em alto mar.
Essa escrita, é dançante. Eu e meu grupo fizemos uma coreografia. Ano 2019.
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