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Foto do escritorGoretti Giaquinto

Não me Leve a Mal, Hoje é Carnaval...



Alegria do carnaval
Vamos pular, vamos pular, vamos pular...

Imagem: gerada por IA na plataforma DALL-E 3



Os primeiros sinais do carnaval estão na mídia, convocando foliões para a diversão. Músicas invadem os noticiários, mal iniciado ano. Coisas de brasileiros: emendar feriados, Natal-Réveillon-Carnaval-Semana Santa-São João e aí sim, o ano começa. E logo termina.


Fiz um breve resumo sobre a origem do carnaval, logo a seguir. Quem quiser conhecer mais, segue o link:



 

A origem dessa festa vem da Antiguidade, nas festas aos deuses, com a oportunidade de esconder ou trocar de identidades. Ou para celebrar a mudança de estação — chegada da Primavera. O cristianismo considerava o Carnaval uma festa pagã, e trouxe o “ritual” de abstenção temporária da carne (do latim carnis levale = retirar a carne), pelos fiéis. O período refere-se à quarentena que antecede o momento de tentação de Jesus no deserto, celebrado na Páscoa. O carnaval comemorado no Brasil veio com os portugueses (entrudo). O ritmo dos escravos trazidos da África mesclou-se com a música de Portugal, originando marchinhas e samba, entre outros ritmos. Junto vieram brincadeiras de se atirar água, farinha, ovos, tinta etc., desfilando na rua ou em carros abertos (corso). Depois, proibida, a lambança foi substituída por confetes e serpentinas, e até flores.

 

O momento me traz memórias. Nascida e criada em Pernambuco, conheci o carnaval “legítimo”, participando do corso de corpo e alma. Molhando e me ensopando. Desfilava pelas ruas da cidade em cima de um caminhão com a carroceria aberta. Não víamos o perigo, não existia tanta violência. Um ou outro se exacerbava nas brincadeiras, movido pelo excesso de bebida ou pela índole maldosa latente. Virou um problema quando comecei a ter crises de asma exatamente nesse período, com idas ao hospital, respiração difícil. Tive que virar plateia, na boleia do caminhão. Pra não piorar.


Vesti fantasias pra brincar em matinés infantis. Adulta, costurei minhas próprias fantasias, reaproveitando o que tinha no guarda-roupa. Tudo valia, pra pular nos bailes noturnos, nas quatro noites. Meu pai, sócio proprietário de um dos clubes, punha todos pra dentro, sem convite. Paqueras rolavam. Nunca, duradouras.


Ainda criança, brincávamos com lança perfume — a que foi proibida depois. Adulta, sem entender o motivo da proibição, resolvi “experimentar”, num baile. E entendi o motivo. Pensei que fosse morrer, o coração foi aos pulos, a vista escureceu, o som da orquestra explodiu em volume máximo.  Sentei e esperei passar a “viagem”. Não morri. Nem quis experimentar de novo.


Fui a um dos blocos de Olinda, nas ruas e ladeiras estreitas. Por um bom tempo, segui a multidão sem sentir o chão. O medo foi maior que a histeria da música e alegria inebriante dos foliões, todos vestidos a caráter com suas fantasias esdrúxulas e criativas.


O verdadeiro sentido do espírito carnavalesco: se vestir de personagens para ironizar, denunciar, mostrar, pular sem ser reconhecido, mudar provisoriamente de gênero para brincar, ou definitivamente, sem medo de se afirmar.

Experimentei o desfile no sambódromo no Rio de Janeiro. Eu, outra irmã e uma amiga. Passamos o ano pagando o boleto da Escola, sem saber qual a fantasia. Buscamos no dia do desfile, com o fusquinha da minha irmã — que já morava no Rio. Tiveram que ser amarradas acima do capô do carro. E experimentamos na hora de sair: biquini (sim, tive meu corpo pudico exposto), asas I-MEN-SAS, e um “chapéu” com tranças, penas e que pesava horrores. Representávamos os povos originários.


Só lembro de me esforçar pra balançar as asas, fingir um samba que nunca aprendi a dançar, e dos gritos dos coreógrafos que, misturados à ala, nos lembravam pra nos movimentar, pra escola não perder pontos. Não consegui trazer as asas no voo de volta pra casa. E só tenho uma foto do momento, porque o filme queimou. Prova de que fui sambar na Portela. Não tenho coragem de postar.


Muitas fotos de momentos se perderam por manuseio errado das máquinas analógicas. Restam as lembranças que, como agora, se restauram pra trazer risos de um tempo que se foi muito rápido.


A época era de máquinas fotográficas analógicas. Muitas fotos desses momentos se perderam por manuseio errado. Restam as lembranças que, como agora, se restauram pra trazer risos de um tempo que se foi muito rápido.

Mesmo com as experiências nem tão agradáveis, a saudade bate. A infância volta. Não tem como querer comparar aos tempos de hoje. Mas dá para trazer leveza para esperar pelo próximo feriado.


 

Goretti Giaquinto

Desafio #30 de 365

Tema: Hoje é dia de Saudade




1 comentário

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1 Comment


Stela Alves
Stela Alves
Feb 08

Não existe comparação mesmo. Desfilei por 3 anos em uma escola de samba. Sambadromo maravilhos. Mas o mestre passando por vc e gritando no seu ouvido canta, canta, só te anima kkkk; Antes de entrar no Sambadromo tudo bem coração quieto, pernas firmes. Mas a hora que a escola toca o hino ( antes de entrar) e vc ouvi Agora Estrela do Terceiro Milenio. E a bateria ruge. Segura a emoção, é muito louco, e lindo.

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