Meus 18 anos. Exatos 49 anos atrás. Tenho saudades? Não sei ao certo.
Entrei na faculdade para cursar Medicina, carreira escolhida pelo meu pai. Já disse antes, queria ter sido artista, não fui. Passados os anos, não me arrependo do que "escolhi" como profissão. Dediquei-me com toda paixão, fui bem sucedida. Ultrapassei obstáculos, alcancei posições. Me esforcei e alcancei mais do que aspirei.
Ano difícil, confuso. Queria ter um namorado, casar e ter filhos. Não sabia como iria encontrar um, pois não era muito sociável, até então. Roda de amigos e amigas restrita a colegas do colégio, que
(Imagem criada com AI/ Canva) sumiram quando entrei na faculdade. Fiz um outro grupo, que me acompanhou nos seis anos de curso. Graças à tecnologia moderna, faço parte do grupo destes amigos da faculdade, de 43 anos atrás. Reencontrei alguns, nos encontros de turma, inclusive meu primeiro namoradinho que consegui no segundo ano do curso. Que não se tornou meu marido, como queria.
Não tinha sonhos impossíveis ou inatingíveis. Queria fazer parte de grupos, ser mais sociável e ter mais amigos. Era popular, mas por causa de meus cadernos, que eu mantinha bem escritos, das aulas. Todos faziam cópias deles, para passar nas provas. Gente que nem fazia parte do meu pequeno círculo. Hoje, muitos relembram o quanto eu os "salvei" por causa das anotações. Um dos colegas reconheceu publicamente que, graças aos cadernos, ele se tornou médico. Felizmente, passou a lidar com outros interesses, depois de formado. Assim, não me sinto culpada de ter criado um falso médico...
Nunca pensei em sair de casa, mas após alguns anos (e vários problemas familiares), saí de casa, morei em outro estado, até sair do país. Não fazia parte dos meus sonhos juvenis, mas aconteceu. Virei aventureira, depois de madura. Hoje em dia, voltei ao meu estado natural de ficar quieta, no conforto de casa. Casada, enfim. Morando em casa, mas sem filhos - somente os pets/filhos.
A diferença do que eu fui, aos 18, do que um jovem de hoje é, aos 18, parece ser grande. Minha geração foi diferente, nem melhor nem pior do que a atual. Embora conflitos existam entre elas, acredito que somos (ou fomos) iguais, nos sonhos. A diferença está no que o mundo de hoje oferece, bem distante do que oferecia na minha época. A tecnologia de hoje não favorece a batalha para realizar sonhos. Faz acreditar que tudo está ao alcance, fácil. E quando o jovem não alcança, se frustra.
Fui uma jovem séria, que continua jovem e mais séria, hoje, apesar de meio século depois. E pretendo continuar a ser jovem, daqui a meio século - se a tecnologia me permitir chegar lá. Seria interssante pensar-me daqui a 50 anos. Espero que menos séria, e que consiga rir de mim mesma, então.
Gattorno Giaquinto
Desafio #100/365: Uma Carta do Passado
1.Escreva o que você aos 18 anos pensava da vida: O que queria ser profissionalmente, aventuras que queria viver;
2. Faça um contraponto do que de fato ocorreu em sua vida e se isso foi melhor, pior ou indiferente;
3. Caracteres livres e, caso você tenha 18 anos agora, ou menos de 18 anos, escreva uma carta para o futuro.
Animada... Viver mais 50 anos? Tô fora rs