Vai a M&rd@, né “Estadão”!
Para quem não conhece, sorte a sua. “Estadão” é aquele jornal que publicou o famoso editorial “Uma Escolha Muito Difícil”. Tipo, os caras não sabem diferenciar entre colocar m&rd@ ou uma bela feijoada no prato. Muito difícil para eles escolher entre as duas opções.
Recentemente eles mandaram outra que me tirou do centro.
É lamentável, e nada decepcionante (afinal o que posso esperar deles), ver um veículo de comunicação com a trajetória “muito difícil” do "Estadão" cometer um erro tão grave ao publicar a matéria "Preguiça de ler? Confira onde assistir ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’". Tal título não apenas demonstra uma completa falta de noção, mas também presta um desserviço colossal à população ao desviar o foco da leitura para uma mera adaptação cinematográfica.
Meus caros leitores, taquem pedras se estiver falando besteira, mas, ao invés de utilizar a visibilidade gerada pela influenciadora Courtney Novak, que trouxe "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis para o centro das atenções internacionais com seu projeto de ler um livro de cada país, o "Estadão" escolheu reforçar a preguiça cultural. Novak, obcecada pelo brilhantismo do livro, conseguiu elevar "Memórias Póstumas de Brás Cubas" ao status de um dos livros mais vendidos na Amazon, mas o jornal, em vez de capitalizar essa oportunidade para incentivar a leitura, decidiu empurrar seus leitores para o cinema.
Vamos lembrar que ler, está bem atrás de tomar um litrão de cerveja no que diz respeito a "hábitos" por aqui. O hábito de leitura no Brasil já é alarmantemente baixo segundo o relatório "Retratos da Leitura no Brasil". A média de livros lidos por ano pelos brasileiros é de apenas 2,43 livros, enquanto na França, por exemplo, é de 21 livros por ano (Mural dos Livros). "Aaah Bob, mas nós ganhamos no quesito 'hábito de banhos por dia'". Bom, isso é verdade, porém, diante desse cenário nacional sobre livros, é inadmissível que um jornal de grande circulação promova a substituição da leitura pela visualização de filmes.
O "Estadão" falha miseravelmente ao não perceber a oportunidade de ouro que tinha em mãos: utilizar o hype gerado pela leitura de Novak para incentivar a população brasileira a conhecer não apenas Machado de Assis, mas também outros autores e autoras nacionais. A redação do jornal errou feio ao desviar a atenção do livro para o cinema, perdendo a chance de exaltar a literatura brasileira e fomentar o hábito de leitura no país.
E veja bem meus caros e caras leitores, isso aqui não é uma crítica à qualidade das adaptações cinematográficas de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e muito menos ao cinema, mas sim à decisão editorial que prefere fomentar a cultura do entretenimento fácil à custosa, porém enriquecedora, prática da leitura. A literatura é um pilar fundamental da formação crítica e cultural de um povo. Talvez, se tivéssemos mais livros passando por nossos olhos e mãos, não tivéssemos o congresso, senado e um bando de safados e safadas espalhados nas prefeituras, e governos deste Brasil. Desviar o público de um livro tão seminal para um filme é, no mínimo, uma irresponsabilidade jornalística típica de alguém preguiçoso para a leitura.
Ao invés de transformar a efervescência literária trazida por Novak em um impulso para melhorar os índices de leitura no Brasil, o "Estadão" escolheu o caminho mais fácil e superficial. Que triste ironia ver um jornal que deveria educar e informar, preferir a comodidade da tela ao compromisso com o papel e a palavra escrita.
São os nossos tempos, não é mesmo? Conhecimento por WhatsApp. Leitura só das manchetes.
Que esta crítica sirva como um chamado à responsabilidade editorial. O Brasil precisa de mais leitores, não de mais espectadores passivos. Que o "Estadão" e outros veículos de comunicação acordem para essa realidade e cumpram seu papel de formadores de opinião de maneira ética e construtiva.
Puta da Vida,
Bob Wilson
Ler não está fora de moda. Nunca vi tanta resenha, booktokers (chama assim?) e roteiros adaptados vitoriosos. Muitas vezes fui a um filme e comprei o livro depois ( e vice-versa).
Vergonhosamente digo: hoje estou pronta para ler tudo de Machado de Assis, que nunca piscou o olho pra me incentivar a lê-lo, e que li meio sem gostar. Talvez porque não tive oportunidade ou tempo de ler devagar e saborear a leitura.... E olha que li outros autores bem complexos antes dele.
Talvez agora autores nacionais ganhem o merecido reconhecimento, deixando de lado os autores americanos que enfileiram livros em listas de mais vendidos, até no Brasil, e que não me ganham por isso.
quem sabe? 😉
Não acho que a matéria alcançou ninguém porque quem lê jornal mesmo? A juventude que gosta de livros não vai deixar de ler, mesmo indo assistir filmes baseados em livros. E quem não gosta de ler não lê nem jornal…. Então a matéria caiu no nada…
Não se estresse não , Bob. Ainda tem muita gente boa que lê bastante livros por aí. Abraços!