O capitalismo quer o seu suor
O Estado quer o seu dinheiro
E nos rondando, a morte está aí
à espera da hora em que você vai cair.
Pro capitalismo somos mão de obra
Pro Estado, os que pagam impostos
Cada um de um lado, o que puxar mais forte
Recebe os créditos pela nossa morte.
Tem que comer,
tem que morar,
E como paga tudo
se não trabalhar?
Fica em casa, poxa
Diz o boy na TV
Mas não se preocupa
se a gente tem o que comer.
Não temos.
Diminuiu os salários
Aumentou a jornada
A morte se aproxima
a passos mais largos.
Um vizinho solidariza
e alimento nos traz
mas como é que cozinha
se acabou o gás?
Acabou o dinheiro
Trabalho não há mais
já não há mais leitos
nos hospitais.
O vírus é cego,
Mata branco e preto
Mas nos jornais se vê:
preto morre mais cedo.
A estrutura é racista
os governantes, genocidas
nascer negro no Brasil
sempre foi uma missão suicida.
E se eu morrer sem ar?
E se minha família morrer?
E se o país quebrar?
E se não tiver o que comer?
É medo, é desespero
é fome, é loucura
só consigo pedir:
Orixá, manda a cura!
Manda a cura, Orixá
o seu filho aqui chora
hoje o vírus, o descaso e a fome
são os açoites de outrora.
De Quixeramobim para o mundo, Renata Mene é uma das participantes do projeto É DIA DE ESCREVER.
Ela faz parte do grupo de Negritudes e você pode seguí-la no instagram @arenataque.
Uou, arrasou muito na poesia, com palavras fortes e verdadeiras. Parabéns, Renata!