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Escuro Pandêmico, por Renata Mene

O capitalismo quer o seu suor

O Estado quer o seu dinheiro

E nos rondando, a morte está aí

à espera da hora em que você vai cair.


Pro capitalismo somos mão de obra

Pro Estado, os que pagam impostos

Cada um de um lado, o que puxar mais forte

Recebe os créditos pela nossa morte.


Tem que comer,

tem que morar,

E como paga tudo

se não trabalhar?


Fica em casa, poxa

Diz o boy na TV

Mas não se preocupa

se a gente tem o que comer.


Não temos.


Diminuiu os salários

Aumentou a jornada

A morte se aproxima

a passos mais largos.


Um vizinho solidariza

e alimento nos traz

mas como é que cozinha

se acabou o gás?


Acabou o dinheiro

Trabalho não há mais

já não há mais leitos

nos hospitais.


O vírus é cego,

Mata branco e preto

Mas nos jornais se vê:

preto morre mais cedo.


A estrutura é racista

os governantes, genocidas

nascer negro no Brasil

sempre foi uma missão suicida.


E se eu morrer sem ar?

E se minha família morrer?

E se o país quebrar?

E se não tiver o que comer?


É medo, é desespero

é fome, é loucura

só consigo pedir:

Orixá, manda a cura!


Manda a cura, Orixá

o seu filho aqui chora

hoje o vírus, o descaso e a fome

são os açoites de outrora.



De Quixeramobim para o mundo, Renata Mene é uma das participantes do projeto É DIA DE ESCREVER.


Ela faz parte do grupo de Negritudes e você pode seguí-la no instagram @arenataque.

1 comentário

1 comentario


Maria Clara Martins
Maria Clara Martins
23 abr 2021

Uou, arrasou muito na poesia, com palavras fortes e verdadeiras. Parabéns, Renata!

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