Lembrada seja Rodolfa, minha aranha.
Você nunca soube que era minha, é claro; mas, de tanto te ver nos meus livros, eu sabia muito bem quem você era. Você era minha, como uma amiga.
Rodolfa, muito estudiosa, nunca me protegeu de nenhum inseto, apesar de sua condição de papa-moscas, mas eu apreciava sua companhia, apesar do seu tamanho, na estante sobre a minha cama.
Até que um dia, você morreu de algo que não sei o que foi. Não faço ideia de que morrem as aranhas. Só sei que foi fatal, e já era tarde quando encontrei seu corpinho, decididamente sem vida, e te dei um funeral de sopro pela janela.
Vá em paz, Rodolfa, que eu sei ter sido uma aranha tão boa quanto pôde ser; você viveu pouco e morreu enfurnada entre os livros e tranqueiras de estante.
O mundo não se lembrará de você, mas eu me lembro.
Seus textos deeeesde a antologia são sempre muito bons. Você tem um olhar diferenciado para as coisas do mundo. Gosto de te ler!
Meu maior receio é o de achar o passarinho que canta todo dia perto do meu quarto inerte na boca de meu gato, mesmo sabendo que ele traz de presente para nós quando caça… entendo a sua dor😉