
Parente é aquele que faz parte da árvore genealógica, que tem ancestrais em comum. Não dá pra dizer que é só o que tem o mesmo sangue, já que os tipos sanguíneos se repetem. Tem parente que é melhor manter à distância.
Tem o que nunca conhecemos — além de ancestrais que nunca conheceremos.
Algumas relações transcendem o parentesco. Como algumas amizades — as que consideramos mais da família que a própria família “de sangue”. As que emprestam ombros, falam verdades e até cobram escolhas.
As que nos conectam sem parentesco sanguíneo.
Outras, como as de pais e filhos, não podem simplesmente serem confundidas com a relação de amizade. Pai é pai, mãe é mãe — cada um com sua função, pra fazer valer os deveres da relação. Amigos, até o ponto de lembrar que a paternidade (ou maternidade) impõe dizer os nãos necessários para o crescimento.
Com ou sem dor.
Às vezes isso implica em relações estremecidas. Filhos que se dizem traumatizados, pais que se sentem culpados, filhos que se tornam pais e pais que dão trabalho aos filhos.
Lembro que, numa das “conversas” da passagem de adolescência para a vida adulta, ouvi algo como “Você não é minha amiga. É minha mãe”. E eu me senti apenas uma “parente”, no final da fila consanguínea.
Essa comunicação pairou no ar sem maiores explicações. Foi forte o que ficou subentendido — no que saiu e no que entrou, no que foi guardado ou rasgado. Criou crostas acumulativas.
Foi difícil voltar a me sentir mãe sem rótulos. Como muitas, demorou, mas entendi que é mais fácil desabafar com amigos, que com irmão, ou com os pais. Sem deixar de ser mãe, pai, filho, irmão. Parente, sempre.
Goretti Giaquinto
Desafio #114 de 365
Tema: Conexões Familiares
1. Converse com seus familiares mais próximos sobre o conceitro de “parentesco”;
2. Com base nas informações obtidas na entrevista, você deve escrever um texto criativo sobre o conceito, abordando a importância (ou não) das relações familiares, e como elas moldam nossa identidade.
Texto de até 700 caracteres, formato livre
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