Para alguns, a bebida alcoólica funciona como uma droga: provoca um estado alterado de consciência. Amnésia. Blecaute alcoólico. Pode ser cômodo. Fingido, quando mais apropriado. Mas uma ressaca depois de uma bebedeira não é coisa para fracos. Nem para os amigos. Ou para a família. De quem se excede.
Nem precisava ir ao médico para saber disso. Era beber e ele nem lembrava do que fazia, nem fazia coisas com coisa. Vinha uma mania de perseguição. Repetia frases. Chorava como um bebê.
Era beber e virar criança. Ou virar idoso, o que esquece e dá trabalho feito bebê. O pai achava engraçado, a mãe de preocupava. Viam a hora de receber notícias que param o coração na madrugada.
Dizem que a cachaça libera personalidades. Talvez. Na verdade, a cachaça libera a voz pastosa, a chatice da inconveniência. A vontade de dar uns tapas. Em quem bebe além da conta.
Beber pode não ser para os fracos. Mas não beber é para os fortes: para não dar remorsos. Pode salvar vidas. Pode salvar relacionamentos. Não necessariamente nessa ordem.
Goretti Giaquinto
Desafio #113 de 365
Tema: Bebo ou não Bebo
1. Escolha uma pessoa conhecida para conversar sobre bebida alcóolica;
2. Durante a conversa, pergunte sobre situações positivas e negativas que a bebida alcóolica já fez esta pessoa enfrentar.
3. Em 700 caracteres escreva um miniconto de não ficção baseado nesta conversa.
Beba com moderação. Não para esquecer, ou para lembrar.
Para celebrar a vida que vale a pena ser vivida, sem lentes falsas.
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