Vestido na cor roxa.
Nas costas, detalhes mostra as marcas de sua existência.
Os olhos estáticos, como fotografia, alma, poesia.
A cabeça ligeiramente baixa, imóvel.
Na imagem o desenho do acontecido.
Através do espelho, percebe, sobre a mesa limpa,
A taça que ainda tem um pouco de vinho tinto.
Na borda marcas do batom vermelho carmim.
Encontra desvios, atalhos obscuros, braços que a agarram.
Ultrapassa esse espelho.
Oculta a taça.
A garrafa de vinho branco, transforma-se em cacos de vidros, pequeninos.
Surge então outro corpo, outra imagem, outra mulher.
No chão deixa tatuado essa transformação.
O espelho, está lá.
Eu, estou aqui.
Nele a noite anterior.
O que ficou da noite que virou dia.

Recolhe os cacos.
Na taça os guarda.
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Lembranças, memórias, recordações.
Passado distante se torna presente.
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